A Universidade de Caxias do Sul (UCS) e 34 municípios da serra gaúcha assinaram contrato para dar início à fase 1 do projeto 'Resíduos Serra'. O projeto, que inicia oficialmente no dia 4 de outubro, constitui-se no desenvolvimento de alternativas tecnológicas que buscam a destinação sustentável de resíduos sólidos urbanos, transformando-os em energia e produtos.
Conforme a presidente do Conselho Regional de Desenvolvimento da Serra (Corede Serra), Mônica Beatriz Mattia, a destinação dos resíduos sólidos urbanos é um debate que se estende ao longo dos anos no Brasil. Segundo ela, os municípios gaúchos têm procurado alternativas mais seguras do ponto de vista econômico e ambiental para a disposição final dos seus resíduos sólidos.
"Não podemos mais enviar o lixo para Minas do Leão e outros aterros. Já está mais do que na hora de mudar e, com esse projeto, a Serra vai se destacar no âmbito estadual e nacional. Contudo, para que ele aconteça, precisamos da cooperação técnica e financeira entre os setores público e privado para o desenvolvimento de pesquisas de novos produtos, métodos, processos e tecnologias de gestão, reciclagem, reutilização, tratamento de resíduos e disposição final ambientalmente adequada", aponta.
O coordenador técnico do trabalho, Marcelo Godinho, explicou que a ideia do projeto é transformar os resíduos em energia e produtos, como carvão biochar e óleo, possibilitando aos municípios dar um destino sustentável ao seu lixo. "Essa iniciativa atende a um desejo de décadas da área ambiental dos municípios e das instituições que coordenam os aspectos legais do meio ambiente. Utilizar o lixo urbano como fonte de matéria-prima é o que buscamos. Poder dar início a esse projeto é um ato revolucionário", comemora Godinho.
De acordo com a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam-RS), em 2019 eram 397 municípios que faziam a disposição final dos seus resíduos em aterros sanitários, 85 em aterros controlados e 15 enviavam seu lixo para Santa Catarina. Entretanto, esta forma de disposição final implica na geração de um passivo ambiental, além de gerar custos elevados aos municípios.
Outro fator é que, geralmente, os locais licenciados para a disposição dos resíduos no RS são distantes das sedes dos municípios, implicando no custo adicional do transporte. Inicialmente, entraram no projeto os municípios de Antônio Prado, Bento Gonçalves, Bom Jesus, Carlos Barbosa, Caxias do Sul, Coronel Pilar, Cotiporã, Fagundes Varela, Farroupilha, Flores da Cunha, Garibaldi, Gramado, Guaporé, Jaquirana, Montauri, Monte Belo do Sul, Muitos Capões, Nova Bassano, Nova Pádua, Nova Petrópolis, Nova Prata, Nova Roma do Sul, Paraí, Protásio Alves, Santa Tereza, São Francisco de Paula, São José dos Ausentes, São Marcos, Serafina Corrêa, União da Serra, Vacaria, Veranópolis, Vila Flores e Pinto Bandeira.