A abertura do Centro de Atendimento a Síndromes Gripais, conhecido como Centro Covid em Pelotas completou um ano no dia 24 de abril deste ano. De lá pra cá, já foram cerca de 30 mil atendimentos, entre crianças e adultos, não só de Pelotas, mas de toda a zona sul do Estado.
Entre investimentos e custeios, o Centro Covid recebeu, até agora, aproximadamente R$ 8 milhões, de acordo com a secretaria municipal de Saúde. "A abertura dessa central foi uma das maiores realizações do período de pandemia. Tem uma equipe trabalhando há um ano, ininterruptamente, 24 horas por dia, e foi importantíssimo na vida de milhares de famílias que passaram por lá", afirmou a prefeita Paula Mascarenhas, destacando, ainda, a importância do investimento feito no que seria a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Bento, "estrutura qualificada que estava pronta no momento em que foi necessária".
Para a secretária de Saúde, Roberta Paganini, o desafio do início de montar e gerir o grupo de profissionais da saúde se mantém até hoje. "O mais difícil para esse serviço se estruturar foi compor a equipe e segue sendo. Temos trabalhadores com diversos vínculos - servidores públicos concursados e contratados emergencialmente, trabalhadores cedidos de outros serviços, de outros hospitais, entre outros. É muito difícil fazer a gestão de uma equipe, na qual o vínculo empregatício não é o mesmo. A única coisa que torna possível essa gestão é o objetivo comum de atendimento à população", explica.
De Centro de Atendimento a Síndromes Gripais a Hospital de Pronto Socorro de Pelotas. Esse é o futuro do Centro Covid pós-pandemia. A proposta, que já está na fase de confecção dos projetos arquitetônicos e complementares, é a de construção, no local, de uma unidade com 100 leitos clínicos, cirúrgicos, pediátricos, UTIs adulto e pediátrica, três salas cirúrgicas e leitos de recuperação. O HPS terá capacidade de atendimento regional e macrorregional, com uma cobertura populacional a partir de 501 mil habitantes.
Fernanda Schwartz, 35 anos, é enfermeira há dez anos. A história dela com o Centro Covid surgiu antes da abertura da unidade. Voluntária na ação de monitoramento de passageiros que chegavam no Terminal Rodoviário de Pelotas, soube da abertura do local destinado às síndromes gripais e decidiu fazer parte da nova equipe. Um ano depois, o relato é de uma profissional transformada pela pandemia e pelas histórias de luta pela vida dos pacientes.
"Tenho uma história que mexeu demais comigo. Era uma paciente que se internou, a princípio lúcida, orientada, e eu conversei com ela de manhã. Ela estava descascando uma laranja. Essa cena nunca mais saiu da minha cabeça. À tarde, ela teve uma piora, sendo submetida à intubação e ventilação mecânica e, mais tarde, veio a óbito. Isso me marcou muito, é triste e, por isso, tento explicar sempre porque esse vírus é tão traiçoeiro. Ele é rápido. Tu estás bem de manhã e, à noite, só Deus sabe", conta a enfermeira.