O anúncio feito pelo governo argentino, na semana passada, deixou o setor logístico e o comércio internacional nas zonas de fronteira em alerta. Segundo comunicado oficial, desde esta semana
é obrigatória a apresentação de testes RT-PCR ou imunização contra a Covid-19 aos motoristas de caminhão que atuam na rota. Preocupados com os efeitos da medida, que poderá gerar um verdadeiro colapso geral no trânsito de mercadorias com os principais parceiros comerciais do Mercosul, vereadores de São Borja buscam sensibilizar o governo do Estado para a necessidade de antecipação da imunização oferecida ao profissionais do setor.
Em São Borja, a determinação argentina torna eminente o represamento do trânsito de mercadorias nas fronteiras, caso não sejam tomadas atitudes imediatas. Na avaliação dos vereadores, a única maneira de impedir um cenário caótico é a antecipação da vacina para os motoristas de caminhão em atividade no transporte internacional, além dos agentes de comércio exterior que atuam nas rotas que ingressam na Argentina. O Chile foi outro país a instituir essas exigências.
De acordo com Tiago Cadó, presidente da Comissão, previsões extraoficiais apontam a necessidade de pelo menos 200 testes diários na fronteira. Entretanto, não há infraestrutura nas fronteiras para alcançar esta meta. Além disso, Cadó afirma que o cenário econômico prenuncia um aumento considerável nos custos da exportação brasileira, tal como da elevação dos prazos logísticos e, por consequência, perdas volumosas de arrecadação para os municípios de fronteira. Isso ocorre, porque, segundo ele, assim que oficializadas as novas exigências argentinas, a tendência é de um severo atraso na liberação de cargas e desembaraços alfandegários nas regiões de fronteira, como é o caso de São Borja.
Em São Borja, está instalado o Centro Unificado de Fronteira (CUF), que abriga 32 escritórios despachantes, gerando 500 postos de trabalho. A rota para o Chile é uma das principais fontes de receita ao lado da Argentina. Ele lembra que a Ponte Internacional responde por 26% de todo o comércio bilateral entre Brasil e Argentina, com cerca de US$ 7 bilhões (R$ 39,9 bilhões) em mercadorias anuais.
Em paralelo com essa questão, São Borja ainda encontra dificuldades ocasionadas pelo impasse diplomático no que tange à renovação do contrato de concessão do CUF à Mercovia S.A, que se encerra no dia 29 de agosto deste ano. A soma das duas questões, segundo os vereadores, emitem um "risco real" de que a fronteira tenha o movimento de cargas paralisado em consequência da falta de planejamento sanitário.