O turismo histórico regional, que já era identificado como uma tendência, com a crise do novo coronavírus tornou-se uma realidade. Tendo em vista a impossibilidade de viagens de avião de longas distâncias, conhecer o interior e cidades históricas tornou-se uma bela opção para quem gosta de viajar e conhecer um pouco do passado, das origens do Rio Grande do Sul. Por isso, a prefeitura de Arroio dos Ratos procurou envolver a comunidade em um projeto de educação patrimonial, que visa identificar os itens com relevância cultural e histórica do município através de uma pesquisa.
O projeto, proposto pela secretaria de Cultura do município, consiste em elaborar o inventário do patrimônio histórico da cidade de Arroio dos Ratos que envolva reconhecimento social, histórico e cultural. O inventário do patrimônio histórico consiste em realizar uma pesquisa histórica, documental e até cartorial que comprove o valor cultural e o contexto histórico de determinado patrimônio, que pode ser um prédio, praça, parque ou monumento, a partir das informações levantadas em pesquisa junto a população do município.
"O que faremos é de fato apurar o que tem relevância e quais os patrimônios que a população de Arroio dos Ratos reconhece como históricos, que tenham reconhecimento social e cultural. É um projeto muito interessante, pois também convida a comunidade a discutir sobre educação patrimonial, tema tão importante, mas ainda pouco valorizado no Brasil", destaca a diretora da Surya Projetos, empresa que fará o estudo, Clarice Ficagna.
Com a lista do patrimônio histórico do município validada, os itens selecionados serão catalogados com suas características históricas e arquitetônicas como referências culturais no âmbito do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Estadual (Iphae). "Serão pesquisados os documentos históricos que aquele patrimônio tem e avaliados sua real relevância histórica. Isso envolve trabalho de pesquisa, museologia, arquitetura, busca documental e cartorial", explica Clarice.
A história de Arroio dos Ratos, situada a 54 quilômetros de Porto Alegre, está ligada à exploração do carvão mineral. A descoberta do mineral na região, em 1853, pelo engenheiro inglês James Johnson, deu início a um importante ciclo econômico, que durou décadas, tornando-se o principal polo da indústria carbonífera do Brasil. Seus primeiros colonizadores foram os ingleses, alemães, italianos, portugueses e espanhóis.
A localização geográfica e a facilidade de navegação desenvolveu a indústria do charque no século XIX, e tem como legado a história dos antigos tropeiros de gado e um rico patrimônio arquitetônico. Com o projeto, o intuito é enaltecer essas características