A prefeitura de São Leopoldo e a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) apresentaram as primeiras impressões dos dados coletados na cidade, para uma pesquisa sobre o coronavírus (Covid-19) no município. O professor de enfermagem Bruno Nunes, que coordena o projeto, foi o responsável pela apresentação dos dados. Ele ressaltou inicialmente o número expressivo de testes aplicados na cidade, que hoje ultrapassou 23 mil, quase 10% da população.
O especialista apontou um número descendente de casos na cidade, o que chamou de desaceleração. Foram comparados os períodos entre 12 de setembro e 25 de setembro com 26 de setembro a 9 de outubro, quando ocorreu uma diminuição de 26% na média de ocorrências positivas.
A fonte de dados foi a ficha de notificação preenchida pelos pacientes com Covid-19 no período de março a outubro (98% do banco de dados). Números mostram que, embora os bairros Feitoria, Santos Dumont e Arroio da Manteiga sejam os bairros com maior número absoluto de casos, o bairro Campestre e Campina são as regiões com maior número relativo, ou seja, com mais casos positivos proporcionalmente.
Na mesma lógica comparativa, a cor da pele indígena também tem mais incidência e as pessoas de pele preta se igualam aos de pele branca. "Isso é interessante de se observar pelos dois ângulos, tanto pelo número absoluto como pelo relativo. As duas informações são importantes para o gestor elaborar estratégias", destacou Nunes.
O aumento dos testes acompanhou a curva ascendente da pandemia nos meses de junho, julho e agosto. A maioria foi do formato teste rápido. Esses três meses também marcaram o maior volume de casos positivos. O professor reforçou a importância de testar os contatos como forma de rastrear o vírus. "Boa parte dos países asiáticos adotaram essa estratégia de rastreamento. Cada caso pode ter contato com cinco a 20 pessoas", salientou Nunes.
Outra estratégia é aumentar testagem em grupos vulneráveis que residem no município, como os indígenas, negros , amarelos), mulheres, trabalhadores e nos bairros mais afastados. As pessoas de menor poder aquisitivo tem tendência de mais contaminação pelo vírus. O professor sugeriu ainda o aumento de testagem em equilíbrio com o relaxamento das medidas de distanciamento social. "Quanto mais tenho rastreamento, mais consigo diminuir as medidas restritivas", afirmou.