A pesquisa para verificar a prevalência do novo coronavírus em Esteio não se limita à realização de testes nos habitantes da cidade. Uma nova frente do estudo foi aberta nesta semana, em parceria com a Universidade Feevale, de Novo Hamburgo, com a fase preliminar ao sequenciamento genético (análise da composição) de amostras do vírus causador da Covid-19.
Inicialmente, a ideia é utilizar até 30 amostras selecionadas de pacientes positivos internados no Hospital São Camilo com quadros mais graves, o que poderá resultar na identificação de mutações no vírus que levem a um pior desfecho da doença. As etapas do procedimento envolvem a transformação das moléculas de RNA (ácido ribonucleico) do SARS-CoV-2, elementos em filamento simples, em DNA (ácido desoxirribonucleico), compostos de fita dupla. Elas contém as informações genéticas sobre o desenvolvimento e o funcionamento do vírus. A partir disso, são construídas "bibliotecas" com os dados constantes no DNA que, posteriormente, passarão pelo processo de sequenciamento em equipamentos da Feevale.
Essa etapa do estudo auxiliará a identificar padrões da doença. As informações serão comparadas com as disponíveis em bancos de dados públicos, no Brasil e no exterior, de pacientes com coronavírus e de casos registrados em outros surtos de síndromes respiratórias recentes, como a H1N1, por exemplo. A intenção é descrever a evolução do vírus, identificando suas eventuais mutações, as mudanças em sua capacidade de transmissão e a variação das manifestações clínicas apresentadas.
Pela pesquisa, estão sendo realizados testes rápidos para detecção da doença em moradores esteienses. A 11ª fase de coletas foi feita nesta semana, e os resultados serão divulgados nos próximos dias. Nas 10 etapas anteriores, foram realizadas 5.306 testagens, com 124 moradores positivos, uma prevalência de um caso a cada 43 pessoas.
Para a definição de quem será testado para a pesquisa, a equipe dividiu os 13 bairros de Esteio em 149 setores, cada um com 177 domicílios em média. A cada fase, os setores são sorteados e, neles, os pesquisadores definem, aleatoriamente, as casas onde as coletas serão feitas. Durante a visita às moradias, os integrantes do estudo, por meio de um aplicativo desenvolvido especialmente para ação, preenchem um questionário com o objetivo de identificar se os residentes apresentaram ou apresentam sintomas da doença, como febre, tosse e dificuldade para respirar, bem como informações sobre saúde, renda, cor da pele e idade, entre outros dados.