A Universidade do Vale do Taquari (Univates), com apoio da prefeitura de Lajeado, realizou entre os meses de maio e junho duas fases de testagem da Covid-19 por amostragem na população do município. A iniciativa buscou, por meio de amostragem probabilística, analisar a prevalência do coronavírus no município do Vale do Taquari. Além disso, o estudo tinha como objetivo avaliar a prevalência de Covid nos contactantes domiciliares de pessoas com a doença e a validação dos testes rápidos utilizados na pesquisa.
De acordo com o investigador principal, Rafael Picon, o resultado apresentado demonstra a não eficácia do teste rápido da marca Wondfo em testagens populacionais. "Por meio de nossa análise, detectamos que esse tipo de teste não é instrumento apropriado para uso em estudos de base populacional, em que se presume elevada proporção de infecções leves em relação às graves. Ainda, mesmo que os anticorpos não sejam mais detectáveis pelo teste rápido, isso não significa que a pessoa perdeu imunidade contra o coronavírus. No entanto, conforme outros estudos publicados, o teste tem desempenho melhor no cenário de assistência médica para o diagnóstico de Covid-19 em pacientes que buscam atendimento hospitalar e em pessoas com infecção leve no período entre 14 a 30 dias após o início dos sintomas", revela.
Para realizar a validação dos testes rápidos, os profissionais verificaram, junto da Vigilância Epidemiológica de Lajeado, a lista de adultos com RT-PCR positivo para Covid-19 desde o início da pandemia até o mês de junho. Após, a equipe contatou essas pessoas para voluntariamente para detectar a presença de anticorpos contra o vírus no organismo.
O estudo identificou que a sensibilidade geral do teste rápido é de 59,9%. Para participantes que tiveram infecção leve, ou seja, que não precisaram de internação hospitalar, a sensibilidade foi de apenas 54,4%. Já entre indivíduos com histórico de internação pela Covid-19, a sensibilidade do TR foi de 82,1%. Por fim, a equipe ainda analisou a sensibilidade do teste em função do tempo desde o diagnóstico por RT-PCR. Entre indivíduos que foram internados, a proporção de pessoas com anticorpos detectáveis pelo teste rápido permanece constante mesmo após 90 a 120 dias do diagnóstico por RT-PCR. Já entre pessoas que tiveram infecções leves, com o tempo decaiu a proporção de indivíduos com anticorpos, chegando a apenas 37,5% no período de 90 a 120 dias após o diagnóstico.