Um estudo sobre prevalência de próteses dentárias em idosos, também conhecidas como dentadura e ponte móvel, constatou que a escolaridade, a situação conjugal, a aposentadoria e o acesso ao dentista estão associados ao uso de prótese. Esses fatores foram levantados em pesquisa realizada por estudantes do curso de Odontologia e do Programa de Pós-Graduação em Envelhecimento Humano da Universidade de Passo Fundo (UPF). A iniciativa recebeu Menção Honrosa na 37ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Pesquisa Odontológica, realizada de forma virtual, em setembro deste ano.
O trabalho analisou a prevalência do uso e da necessidade de prótese dentária em idosos da cidade de Veranópolis, na serra gaúcha, com a participação de cerca de 280 idosos com 60 anos ou mais. A pesquisa demonstrou que mais de 87% dos idosos eram usuários de prótese, sendo que, 27% dos idosos ainda necessitavam de algum tipo de reabilitação oral.
Além disso, idosos casados, com pouca escolaridade, aposentados e que vivem em área rural têm mais probabilidade de usar uma prótese dentária, conforme a pesquisa. O estudo demonstrou uma menor necessidade de reabilitação oral, quando comparados com estudos realizados em diferentes cidades e/ou regiões do Brasil. "Esses resultados demonstram uma melhor condição de saúde bucal dos idosos de Veranópolis, quando analisadas apenas a questão referente à reposição dos dentes perdidos ao longo da vida", ressalta a autora da pesquisa, Nathália Prigol Rosales. As questões sociodemográficas têm relação direta com saúde bucal, e isso é particularmente importante em países como o Brasil, onde as desigualdades socioeconômicas são mais acentuadas.
As pessoas usam prótese em razão da perda dentária parcial ou total (edentulismo), que causa prejuízo desde a mastigação até a fala. Esses danos podem afetar a autoestima e a qualidade de vida do paciente. A perda dentária ocorre, principalmente, pelo efeito cumulativo de duas principais doenças bucais crônicas: a doença periodontal e a doença cárie.
Conforme especialistas, mesmo com toda a evolução da odontologia, o Brasil apresenta uma das maiores médias de perda dentária e/ou maior prevalência de edentulismo entre os idosos. A autora do trabalho destaca que "infelizmente, perder dentes no Brasil, ainda é tido como algo normal do avanço da idade, tanto que ainda pode ser considerado como o 'país de desdentados'". Além disso, destaca-se o custo para a reabilitação oral, que é elevado e prejudica o acesso da população aos tratamentos odontológicos.