Todos os anos, independente de pandemia, os fruticultores necessitam de orientação técnica para aprimorar o manejo nos pomares. Há cerca de dez anos, a Embrapa e parceiros implementaram o Sistema de Alerta Mosca-das-Frutas para a cultura do pessegueiro, e neste ano, mesmo vivendo a situação da presença do coronavírus, o serviço terá continuidade com adaptações às exigências do momento. A partir desta semana, serão realizadas as reuniões semanais e veiculados os novos boletins informativos para a próxima safra, nas regiões de Pelotas e Serra Gaúcha.
Os boletins informativos divulgados, que apresentam um panorama de como está a presença da mosca e as recomendações técnicas para o momento da cultura, são frutos de encontros com os produtores. Ao longo do programa permanecem como parceiros as secretarias de Agricultura dos municípios, Emater/RS- Ascar, Associação de Produtores de Pêssego, Sindicato de Trabalhadores Rurais, universidades, Sindicato das Indústrias de Conservas da região de Pelotas, cooperativas e indústrias das regiões envolvidas.
Para o pesquisador Marcos Botton, da Embrapa Uva e Vinho, o programa tem sido uma importante ferramenta na tomada de decisão pelos produtores. "Com a integração entre as regiões, teremos mais agilidade para nivelar informações entre os principais polos produtores, adaptando recomendações para as realidades locais", avalia.
O monitoramento da mosca-das-frutas será realizado em pomares de produtores parceiros nos quais foram instaladas armadilhas, permanecendo até o final da colheita. Às segundas-feiras, na região de Pelotas um técnico do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Pelotas irá percorrer as unidades de observação em três municípios - Pelotas, Morro Redondo e Canguçu.
Já na Serra, os técnicos da Emater/RS-Ascar irão monitorar as áreas de produção de pêssego em oito municípios - Bento Gonçalves, Caxias do Sul, Cotiporã, Farroupilha, Nova Pádua, Pinto Bandeira, São Marcos e Veranópolis. A equipe do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS) também irá apoiar a coleta de amostras.
O monitoramento das moscas-das-frutas é feito através da contagem de insetos capturados nas armadilhas McPhail (do tipo bola), para indicar se a população da mosca está alta ou baixa. O resultado do monitoramento das moscas é avaliado juntamente com os dados climáticos e com a fase do desenvolvimento do pêssego durante as reuniões. Essas informações irão compor o conteúdo dos boletins informativos.
A decisão de criar o sistema surgiu depois da safra 2008/2009, na qual caminhões lotados de pêssego foram perdidos na metade sul do Estado em função do ataque da mosca-das-frutas e de alterações nos produtos autorizados para a cultura. A crise foi uma oportunidade para que fosse criado esse mecanismo e implantado uma nova visão na produção, com o monitoramento da praga no campo e escolha do método de controle adequado para a situação
A região de Pelotas possui aptidão para produção de pêssego para indústria, como compotas, por exemplo, enquanto que a região da Serra atende a produção de pêssego de mesa, que é vendido in natura para o consumo. As duas são responsáveis por atender mais de 95% da oferta de pêssego no país, sendo que o sistema de alerta também será realizado no município de Pinto Bandeira, que foi reconhecido como a capital estadual do pêssego de mesa.