Os resultados do Coalizão I, estudo multicêntrico do qual o Instituto Tacchini de Pesquisa em Saúde (ITPS) fez parte, foram divulgados em uma das mais importantes publicações do mundo, New England Journal of Medicine. A pesquisa concluiu que a hidroxicloroquina não teve eficácia no tratamento de pacientes leves e moderados com diagnóstico de Covid-19, indicando ainda que o uso do medicamento pode aumentar o risco de arritmia cardíaca e lesão hepática.
No total, foram analisados 665 pacientes em 55 centros de saúde de todo país. Com 18 casos incluídos, o Hospital Tacchini ficou entre as 12 instituições que mais contribuíram para o estudo. Os pacientes foram divididos em três grupos: 217 receberam uma combinação de hidroxicloroquina e azitromicina; 221 apenas hidroxicloroquina e outros 227 permaneceram com o suporte clínico padrão. Após 15 dias, não foi constatada qualquer melhora no estado clínico dos pacientes que receberam o medicamento em comparação aos do grupo de controle, que receberam tratamento padrão.
Os pacientes incluídos no estudo tem idade em torno de 50 anos e 58% são do sexo masculino. Os participantes eram pacientes recém-admitidos ao hospital (até 48 horas) que tivessem sintomas iniciados, no máximo, até sete dias antes. Além disso também foram registradas outras comorbidades relacionadas aos casos: 40% eram hipertensos, 21% eram diabéticos; 17% eram obesos.
"A pesquisa foi realizada seguindo padrões metodológicos rigorosos, e sem dúvidas é um achado importante em nível mundial no cenário da Covid-19", descreve a gerente do ITPS, Juliana Giacomazzi. Ela ainda ressalta que o ITPS ainda participa de outros estudos envolvendo o mesmo medicamento. É o caso do Coalizão V, que está avaliando o uso de hidroxicloroquina em pacientes ambulatoriais e já tem quase 500 pessoas incluídas no Brasil, 27 apenas em Bento Gonçalves.
"Há, também, outros estudos nacionais e internacionais sendo realizados no instituto, utilizando outras medicações promissoras como corticóides, anticoagulantes, imunomoduladores e antivirais, sendo realizados em parceria com a rede Coalizão Covid Brasil e com grandes laboratórios farmacêuticos", finaliza.
O remédio tem sido prescrito por alguns médicos para uso em pacientes com a doença, além de ter sido defendido pelo presidente, Jair Bolsonaro. Algumas cidades do Interior gaúcho fizeram compras em grande escala do medicamento para serem usados em hospitais, aliados com outros tipos de remédios. O coquetel só pode ser usado caso o paciente ou o familiar aprove por meio de um termo.