O projeto Memórias de São Francisco de Paula tem como objetivo promover o acesso e a apropriação, pelas pessoas, do patrimônio cultural do município. Para isso, foram pensadas quatro atividades envolvendo três pontos importantes para a história da região: o cinema Serrano, no distrito de Cazuza Ferreira, que será visitado no sábado; o Hotel Cavalinho Branco e o Lago São Bernardo, com visitação em 18 de abril; e a Escola Estadual José de Alencar, que fecha a programação em maio. Nesses espaços, serão realizados Roteiros Guiados, uma breve visita ressaltando curiosidades históricas e folclóricas dos locais e rodas de memória. O projeto é realizado em parceria com a prefeitura e o governo do Estado.
Para o evento Cazuza Ferreira, foram convidadas quatro pessoas envolvidas com a comunidade para dividir experiências e as relações fortes com o local. A mediação será da professora de história e doutoranda Cláudia Duarte. O local é o terceiro distrito de São Francisco de Paula, distante 122 quilômetros da sede do município. Com aproximadamente 1,2 mil habitantes, o local vive, hoje, da pecuária. O nome vem do apelido de José Ferreira de Castilhos, doador de terras para a construção de casas no local em 1888. É o único local do Rio Grande do Sul onde ocorrem as Cavalhadas, espetáculo com mais de 120 anos, que encena a luta entre mouros e cristãos.
Entre 1953 e 1960, teve início em Cazuza Ferreira uma grande exploração madeireira, principalmente de araucárias, inclusive para exportação, no chamado ciclo madeireiro. No auge, até os anos 1970, existiram lá mais de 17 serrarias. Na década de 1970, foram criadas as primeiras leis proibindo o corte de araucárias ou o "ouro branco", o que provocou, aos poucos, o esgotamento do trabalho e, consequentemente, o fim das empresas sediadas em Cazuza Ferreira.
A história do distrito se confunde com a do Hotel Avenida, surgido em 1949. O lugar cresce com a exploração madeireira, e o hotel também. Com três andares, abrigava hotelaria, armazém, bazar e cinema. O apogeu do hotel se deu entre 1960-1970. Com as serrarias fechando, surgiu o problema das quedas de energia, interrompendo as sessões de filmes e a perda de público. Com o nome de Hotel do Campo, a edificação, hoje, tem um andar a menos, hospeda até 30 pessoas e abriga uma espécie de brique. O cinema já não funciona mais, mas a ideia é promover uma sessão tradicional e trazer as lembranças da vida cultural de uma comunidade próspera.
Para o evento, o transporte é gratuito, com saída em frente à prefeitura de São Francisco de Paula, às 13h, e retorno às 18h30min. As vagas limitadas são limitadas. Durante a Roda de Memória, serão gravadas imagens para um documentário.