Atividades em grupos, multidisciplinariedade, diferentes avaliações e o desafio de buscar conhecimento para resolver problemas reais. É com base em algumas dessas metodologias, que o professor Messias Borges Silva vem transformando as salas de aula do Brasil. Doutor em Engenharia Química e docente na Universidade de São Paulo (USP) e na Universidade Estadual Paulista (Unesp), Silva atua há cerca de dez anos desenvolvendo ações voltadas à melhoria da qualidade do ensino superior no país. Ele conversou com os docentes da Universidade de Passo Fundo durante a Aula Magna, atividade que integra o início do ano letivo na instituição.
Professor há 38 anos, Silva contou que levou 25 para mudar sua postura como docente. "Pelo menos 40% dos meus alunos levavam bomba nas minhas disciplinas. Alguns, inclusive, foram embora por minha causa", contou. A mudança veio após conhecer o pesquisador Richard Feynman, considerado o educador do século. "Ele disse uma vez que, partindo da ideia de que o aluno quer aprender, se ele não aprende, a culpa do professor. A partir daí eu comecei a pensar melhor na educação", lembrou.
De acordo com ele, o aluno hoje não consegue prestar atenção e a aula se tornou algo desinteressante, chato. Para o professor, uma das alternativas é abrir as universidades para o mundo externo."O ensino superior brasileiro está em um momento em que precisa haver uma ruptura. No próximo ano, vamos começar a receber a geração centennial na sala de aula, uma geração mais responsável, mais focada, o público será diferente e esse modelo educacional universitário não funciona com eles", pontuou.
A utilização de problemas reais é uma de suas apostas em sala de aula. Na opinião do professor, é preferível enxugar o currículo e ter mais tempo para explorar as competências de cada estudante. Outra metodologia usada pelo docente é a de não aplicar provas. Em algumas de suas disciplinas, a avaliação é feita por meio de atividades em grupos em toda as aulas e a nota é dada tanto pelo professor, quanto pelo próprio acadêmico, que precisa avaliar com os colegas quem mais contribuiu para o resultado final. "Tudo que o estudante faz pontua positivamente", completou.
Apesar de já ter colocado em prática muitas dessas metodologias, o professor ressaltou que ainda existem mais dúvidas do que soluções práticas para compartilhar. "Precisamos construir juntos. As nossas experiências estão sendo construídas ainda e nós temos muito mais perguntas do que respostas, mais desafios do que soluções. Cabe a nós começar a construir essas soluções e compartilhar com os demais", frisou.
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