O município de Vespasiano Corrêa, na serra gaúcha, sempre teve a produção leiteira como uma das suas principais atividades econômicas. No entanto, a pecuária figurava em 14º lugar no ranking como fonte de receita e subsistência para os produtores locais. A situação começou a mudar em 1997, dois anos após sua emancipação e quando os recursos oriundos do retorno do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) aos cofres públicos começaram a ser investidos no desenvolvimento do agronegócio local com o intuito de modificar o panorama em propriedades rurais do município.
Naquele momento, a secretaria de Agricultura firmou parceria com a Genex, uma das empresas líderes no segmento de inseminação artificial (IA) no Brasil, para atender as propriedades leiteiras interessadas. Foi assim que teve início um intenso programa de melhoramento genético do rebanho leiteiro, com a utilização de sêmen de touros norte-americanos provados, ideais para aumentar a capacidade de produção leiteira e, ao mesmo tempo, contribuir para a melhoria das características de conformação corporal, de úberes, pernas e pés.
Os inseminadores do município, Renato Dachery e Valmor Caron, começaram um trabalho minucioso e gradativo, importante para identificar as necessidades da pecuária leiteira da região. O cenário encontrado foi de rebanhos pequenos, com vacas predominantemente da raça Holandesa, de pouca genética e baixa capacidade de produção de leite. "A solução foi optar por dois touros importados de excelente custo-benefício, de retorno comprovado e com mais de 10 mil filhas em produção nos Estados Unidos", explica João Valdai, que representa a empresa responsável pelo estudo genético das raças.
Por se tratar de uma região serrana, as vacas precisavam atender a uma característica física específica, de estrutura forte, mas leve para que pudessem caminhar até o pasto e voltar para a ordenha sem dificuldades, e cujo tamanho não prejudicasse a ingestão de alimentos ou água. "Essa preocupação não acontecia, e o que vimos ao longo do tempo é que essa vaca intermediária trazia um retorno econômico maior para o produtor, em comparação a um animal muito grande ou muito pequeno," detalha Valdai.
O investimento em melhoramento genético permitiu que a pecuária de leite passasse da 14ª posição para a principal atividade econômica de Vespasiano Corrêa, arrecadando em 2018 mais de R$ 24,1 milhões, o que representa 19,35% do total da receita do município, o maior retorno de ICMS de todas as atividades praticadas na região. A produção de leite, que foi registrada pela primeira vez em 2003, era de 7.5 milhões de litros de leite por ano. Atualizada em 2018, a produção subiu 22.8 milhões de litros com média de 18 litros vaca/dia nas propriedades de baixa tecnologia e de 28 até 43 litros vaca/dia nas propriedades mais modernas
Para o gerente de produto leite da Genex, Bruno Scarpa Nilo, a continuidade é um dos principais motivos desse sucesso da atividade. "É uma combinação de esforços que sempre visaram o ganho e a evolução do produtor", frisa.
A empresa, que auxiliou o município, dedica-se a fornecer soluções genéticas e de informações de gerenciamento agropecuário que melhoram a qualidade e a produtividade do rebanho. Com a matriz nos Estados Unidos, está estabelecida no Brasil desde junho de 2005, na ocasião como CRI Genética Brasil e é uma das líderes no segmento de inseminação artificial (IA) no País, e atua com foco na venda de qualidade genética nas raças taurinas e zebuínas voltadas para a produção de leite e carne.