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CAXIAS DO SUL Notícia da edição impressa de 07 de Fevereiro de 2020.

O relógio é o nosso inimigo neste ano, afirma Cassina

Prefeito completa um mês no cargo e enxerga o enxugamento das despesas públicas como prioridade

Prefeito completa um mês no cargo e enxerga o enxugamento das despesas públicas como prioridade


/FABIANA DE LUCENA/DIVULGAÇÃO/CIDADES
Em eleição indireta, realizada na Câmara dos Vereadores em janeiro, Flávio Cassina (PTB) foi eleito para substituir o então prefeito Daniel Guerra, cujo processo de impeachment foi sacramentado no fim de 2019. Ao lado de Elói Frizzo (PSB), ele completa, neste domingo, um mês à frente do cargo e corre contra o tempo. Após ter montado um secretariado às pressas, Cassina planeja enviar para a Câmara, nas próximas semanas, projetos para enxugar a máquina pública, considerada por ele sua prioridade para o restante do mandato.
Em eleição indireta, realizada na Câmara dos Vereadores em janeiro, Flávio Cassina (PTB) foi eleito para substituir o então prefeito Daniel Guerra, cujo processo de impeachment foi sacramentado no fim de 2019. Ao lado de Elói Frizzo (PSB), ele completa, neste domingo, um mês à frente do cargo e corre contra o tempo. Após ter montado um secretariado às pressas, Cassina planeja enviar para a Câmara, nas próximas semanas, projetos para enxugar a máquina pública, considerada por ele sua prioridade para o restante do mandato.
Ao Jornal Cidades, o prefeito ainda confirmou que abandonará a vida pública em 31 de dezembro e que planeja deixar alguns legados ao sucessor, como, por exemplo, o projeto do novo aeroporto, em Vila Oliva, e a resolução do processo junto à família Magnabosco, cuja sentença do Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou que o município arcasse com cerca de R$ 800 milhões em indenização por conta da invasão de uma área de propriedade privada.
Jornal Cidades - Qual a avaliação que o senhor faz do seu primeiro mês à frente da prefeitura?
Flávio Cassina - Foi um mês para nos situarmos, pois era algo totalmente imprevisto (o impeachment). Até o último momento, acreditávamos que não iria acontecer. Tivemos que nomear o secretariado correndo para poder dar governabilidade e com cuidado para pegar pessoas com experiência, pois não tínhamos tempo nem de aprender, nem de ensinar. Pedimos para eles que nos tragam a situação de cada um dos temas do município para avaliarmos e projetarmos. O relógio é o nosso inimigo neste ano.
Cidades - O senhor alega que o ex-prefeito, Daniel Guerra, deixou um déficit de quase R$ 50 milhões para este ano. Isso irá impactar o fluxo de caixa para 2020?
Cassina - Sem dúvida nenhuma, a despesa corrente pública no município está aumentando muito de alguns anos para cá. A situação confortável que víamos já ficou para trás, temos que ter cuidado para não fazer algo errado daqui para a frente, pois haverá reflexos em alguns setores.
Cidades - E quais seriam esses reflexos? Alguns municípios, assim como o Estado, estão com parcelamento de salários. Pode ser uma realidade em Caxias?
Cassina - Logo, logo, não. Teremos, sim, que adotar medidas de contenção de despesas e remanejar rubricas. Há a possibilidade de fazer modificações no orçamento e precisaremos disso para ajustar as contas. Não há, por enquanto, a possibilidade de atrasos ou parcelamento de salários, mas não podemos brincar.
Cidades - Um outro caso que pode impactar a saúde financeira do município é a questão com a família Magnabosco. O STJ condenou a prefeitura a pagar indenização de
R$ 800 milhões. Como está essa questão?
Cassina - A prefeitura reconhece que a família tem direito a receber valores pela área, mas não podemos inviabilizar o município. De minha parte, ainda não fiz nenhum contato com os Magnabosco para entendermos a situação, pois queremos saber primeiro em que pé está a condenação, como a prefeitura foi envolvida nisso. Temos uma amizade de mais de 40 anos com os membros da família e eles entendem que não podem "quebrar" o caixa público, pois moram em Caxias, e garanto que eles não têm a intenção de rachar o município no meio. Nossa intenção é fazer um acordo e, principalmente, rever a questão dos juros que implica na maior parte da cobrança. A tarefa não será fácil.
Cidades - E em relação ao aeroporto em Vila Oliva, a prefeitura arcará com as desapropriações? Qual o montante projetado?
Cassina - Sim, iremos arcar com os custos das desapropriações. Estimamos que seja necessário R$ 21 milhões para indenizar cerca de 10 proprietários das áreas. Tudo está bem encaminhado para isso. O valor será contraído via empréstimo com a Caixa Econômica Federal a longo prazo. Depois de resolvermos isso, vamos conversar com o governo do Estado para que eles nos ajudem a viabilizar as obras viárias, como a conexão com Gramado e Canela, por exemplo. É um aeroporto de interesse regional e estadual, será uma alternativa ao (aeroporto) Salgado Filho. Para nós, tão importante quanto atrair novos turistas será a questão de cargas. Hoje, despachamos para Viracopos, em Campinas. Isso gera um custo altíssimo. A construção irá beneficiar mais de 50 municípios da região.
Cidades - E o início das obras, será ainda em 2020?
Cassina - Se conseguirmos deixar o projeto pronto neste ano, já será uma grande coisa. Temos a confirmação de R$ 200 milhões do governo federal, mas o custo total será mais do que o dobro disso. Estamos fazendo contato com empreendedores estrangeiros para bancar o restante do valor e temos a intenção de fazer uma concessão da área. Tudo indica que o canteiro será aberto em 2021, mas queremos deixar o caminho pavimentado.
Cidades - Levantamento da CIC apontou que a economia subiu 5% no ano passado, mas a indústria, um dos motores, não teve aumento.
Cassina - O que "salvou a pátria" foram o setores de comércio, serviço e agronegócio. Tivemos um resultado muito bom no agro, mesmo que represente apenas 4% de toda a riqueza do município, fomos os maiores produtores de hortifrúti do Estado, com metade da produção para abastecer o Ceasa, em Porto Alegre. A indústria é responsável por 53% da nossa economia e ela trouxe o resultado para baixo, pois poderíamos ter índice ainda maior.
Cidades - E o que a prefeitura fará, como política pública, para elevar o crescimento desse setor e equipará-lo aos outros?
Cassina - Acho que estamos no período de "despiora" (sic) do setor metalmecânico. Chegamos a perder cerca de 20 mil empregos, e isso impacta muito na nossa economia. Eu sempre fui do comércio, quanto melhor for o momento econômico, melhor para todo mundo, pois ele puxa os demais setores. Vamos tentar fazer parcerias, principalmente com o Sistema S, para qualificar os trabalhadores, e esperamos também incentivos federal e estadual para conjugar esforços e recuperar o setor.
Cidades - Ao assumir o mandato, o senhor reiterou que não será candidato nas eleições municipais. Mantém essa afirmação?
Cassina - Estou encerrando a carreira (risos). Já estou perto dos 74 anos, tenho que me olhar no espelho. Vou cuidar dos meus negócios e da vida. Sairei da vida pública e voltarei para o comércio, que é a minha vocação.
Cidades - E o senhor planeja participar de alguma forma do pleito?
Cassina - Durante o processo de impeachment, fizemos um pacto com os vereadores para viabilizar a governabilidade. Daqui a pouco, uns três ou quatro meses, os partidos farão suas coligações para a eleição, mas isso é um outro assunto. Precisamos dos integrantes da casa para viabilizar projetos. Teremos o nosso candidato, mas isso fica para depois.
Cidades - O senhor não teme ter projetos rejeitados ou postergados por conta da proximidade com o pleito municipal?
Cassina - Sem dúvida vai travar. Em algum momento, teremos limitações, por isso, precisamos apressar no primeiro semestre e votar tudo que pudermos. Queremos priorizar a saúde, a melhoria econômica e a questão da Codeca, que fecha ano após ano com déficit. Depois, seja o que Deus quiser.
Cidades - Nesta semana, o pedido de impeachment contra a sua chapa foi rejeitado. Como o senhor viu esse movimento?
Cassina - O projeto não tinha consistência, pois a alegação era de que o vice e eu precisávamos renunciar ao mandato de vereador para assumir. Na nossa cabeça, estava certo de que, assumindo a prefeitura, o mandato de vereador estaria suspenso. Fiquei sabendo pela imprensa de que isso, talvez, deveria ter acontecido, mas o nosso departamento jurídico da Câmara de Vereadores não passou qualquer tipo de indicação nesse sentido. Então estamos tranquilos.

PERFIL

Natural de Caxias do Sul, Flávio Cassina nasceu em 13 de abril de 1947. É formado em Direito pela Universidade de Caxias do Sul e também acumula o curso de técnico em Contabilidade. Há mais de 50 anos, administra a Casa das Armas, comércio em Caxias do Sul. Desde 1995, Cassina está filiado no Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) no município. Nas eleições municipais de 2004 e de 2008, ele alcançou a suplência no Legislativo caxiense. Foi secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Emprego (2005-2008) e da Habitação
(2009-2012), durante o governo de José Ivo Sartori. No pleito de 2012, elegeu-se vereador pela primeira vez .Três anos mais tarde, o vereador foi alçado a presidente da Casa Legislativa. Nas eleições de 2016, foi reeleito para cumprir mais um mandato, e, em 2019, tornou-se novamente presidente da Câmara de Vereadores. Cassina presidiu a sessão que culminou no impeachment do então prefeito, Daniel Guerra, e, em janeiro, em eleição indireta, foi aclamado como prefeito de Caxias do Sul.
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