Com uma população estimada de 560 mil pessoas, o número de habitantes da república de Cabo Verde pode ser comparado ao de uma cidade brasileira de porte médio. Porém o registro da diversidade linguística de Cabo Verde - que tem o português e o crioulo como idiomas oficiais - pode representar um desafio para linguistas e antropólogos. Por isso, um grupo de professoras da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) aceitou o desafio de elaborar o primeiro Dicionário da Língua Gestual Cabo-Verdiana.
Esse desafio foi proposto pelo governo de Cabo Verde ao governo brasileiro em 2008. A demanda foiencaminhada para a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), órgão do Ministério das Relações Exteriores. Como a UFSM tem o primeiro curso de graduação em Educação Especial do Brasil (o qual durante mais de 50 anos foi o único do país) e um trabalho amplamente reconhecido na educação para pessoas com deficiência, recebeu o convite para ser a executora do projeto.
Em se tratando da comunicação entre surdos, Cabo Verde adotou a Língua Gestual Portuguesa, com adaptações para a cultura local. E, com o passar do tempo, ocorreu um crescente processo de diferenciação de muitos dos gestos usados pelos surdos do país, dependendo da ilha em que habitam. O alfabeto é uma das poucas partes do dicionário que é igual para todas as ilhas do país.
Para a elaboração do documento, essa situação criou a necessidade de conhecer de perto a realidade dos surdos das diferentes ilhas. Docentes do Departamento de Educação Especial da UFSM, as três autoras do dicionário, professoras Ana Cláudia Oliveira Pavão, Anie Pereira Goularte Gomes e Melânia de Melo Casarin estiveram nas ilhas mais populosas do arquipélago para registrar em vídeo os gestos usados pela comunidade surda para designar as mais variadas palavras e ações.
O dicionário teve de passar por 17 revisões antes de ficar pronto. Isso se deve à preocupação minuciosa com a exatidão dos gestos, a atualização da linguagem e as diferenças de gestos de uma ilha para outra. Ao final de cinco anos de trabalho, foram impressas mil cópias do dicionário, as quais serão distribuídas em escolas e bibliotecas de Cabo Verde. O dicionário é dividido em 30 categorias. A publicação representa um primeiro passo para que a Língua Gestual Cabo-Verdiana se torne reconhecida oficialmente, da mesma forma que a Língua Brasileira de Sinais (Libras).
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