Timidez já é coisa do passado para um grupo de estudantes com altas habilidades e dificuldade de aprendizagem da Rede Municipal de Ensino de Sapucaia do Sul. Isso graças às artes cênicas. Desde o ano passado, cerca de 10 estudantes participam de uma oficina de teatro que além de ajudá-los na socialização, está rendendo bons frutos, como participações e reconhecimento em festivais estudantis de teatro.
A proposta do grupo é ainda maior. Inclusão é a palavra-chave, pois o grupo também possui estudantes que apenas desejam aprender mais sobre a arte teatral. Os encontros ocorrem todas as segundas-feiras, das 13h às 16h, na Escola Vanessa Ceconet. Para Manuela Machado Rodrigues, 11 anos, o contato com o teatro lhe rendeu novos amigos. "Sempre fui muito tímida. Participando da oficina de teatro consegui novos amigos e esta experiência está sendo ótima Estou mais desinibida e conseguindo me expressar melhor", disse Manuela. Luis Marcelo Madrid Miranda venceu o tédio e a dificuldade em se comunicar. "Vivia entediado e também tinha dificuldades na comunicação. Estou bem mais feliz depois que comecei a fazer parte do grupo", disse o estudante.
A responsável pela inserção das artes cênicas na vida destes estudantes é a professora de teatro Patrícia Maciel. Segundo ela, a proposta da oficina surgiu como objeto de pesquisa para seu trabalho na área de neuropsicopedagogia, justamente para trabalhar a socialização em jovens com altas habilidades. "Grande parte dos alunos têm dificuldade na socialização, na interação com o outro e são muito tímidos. Com o teatro, trabalhamos a dicção, a expressão corporal, dinâmicas de grupo e interação e, isto está sendo levado como resultado positivo para o dia a dia deles", ressaltou Patrícia.
Além das aulas, os estudantes possuem um diário de bordo, em que contam como passam os dias e como o teatro está influenciando em suas vidas. A professora de Atendimento Educacional Especializado (AEE), Elisabete Rossi, salienta que, como o grupo prima pela inclusão, eles conseguiram estabelecer vínculos e se reconhecer no outro. "Eles se ajudam muito. Cooperam. Um enxerga no outro novas potencialidades e as dificuldades são divididas", ressaltou Elisabete.