O projeto Visibilidade do Negro no Museu da Baronesa, que começou na terça-feira e se estende até o domingo, traz o Sopapo - 2º Encontro no Museu. O evento traz a exposição "Para além das senzalas: narrativas sobre o passado e o presente negro em Pelotas", além quatro rodas de conversas, a Feira de Artesanato Quilombola e o Desfile Kanimambo, no encerramento do evento. Todas as atividades são abertas ao público e haverá passe-livre todas as tardes.
O projeto é uma realização do Museu Parque da Baronesa/Secretaria de Cultura de Pelotas. O museu funciona diariamente das 13h30 às 17h30. Diretora do Museu da Baronesa, Fabiane Rodrigues Moraes explica que o projeto chega para dar espaço no Museu a esse "personagem invisível". "Quando se pensa no Museu da Baronesa, em geral se pensa nos barões. Não se fala nos escravos negros, que habitavam o mesmo espaço, junto com eles, e se envolviam em quase todas as tarefas, tanto da chácara da Baronesa quanto da charqueada. Esse projeto vem para dar visibilidade a essas pessoas", destaca.
A diretora diz que foi a própria comunidade que cobrou a presença negra no Museu, com recados nos cadernos de presenças esses registros também passaram a integrar a exposição. A equipe organizadora chamou a academia e a comunidade, para que contribuíssem na construção desse projeto de forma ativa. O resultado foi a criação de um espaço, repleto de simbologias, em que o visitante vai interagir, tanto na exposição quanto nas rodas de conversas.
A primeira vez que o Museu da Baronesa abriu espaço para um projeto de valorização da cultura negra foi em 2001. O tema foi retomado em 2014, com o Dia do Patrimônio que teve por tema a Herança Cultural Africana - na experiência, de três dias, a equipe percebeu que o evento precisava ser ampliado, porque havia "muito o que falar".
O 1º Sopapo ocorreu no ano passado, ao longo de vários meses, com palestras à noite, sempre na última terça-feira do mês. "Esse ano, como o Museu esteve fechado por vários meses para reparos, optamos por uma formato diferenciado, condensado em seis dias", explica a diretora. O evento leva esse nome em alusão ao tambor pelotense, criado pelos escravos que trabalhavam nas charqueadas. O instrumento era utilizado nas celebrações, para reverenciar a sua terra e os seus ancestrais.