Uma ode à produção nacional de vinhos. Assim, pode-se resumir a Avaliação Nacional de Vinhos da safra 2019, realizado no fim de semana, em Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha. O evento, que chegou na 27ª edição, é considerado o maior do mundo na questão de apreciação e reuniu enólogos de várias partes do Brasil e oito países para conferir os produtos que, em breve, estarão nas prateleiras das vinícolas, pronto para serem consumidos. Mais de mil pessoas lotaram um dos pavilhões do Parque de Eventos da cidade e puderam, além de conferir os produtos, dar notas e compará-las com a dos especialistas.
Na abertura, o presidente da Associação Brasileira de Enologia (ABE), Daniel Salvador, enalteceu a safra, cuja principal dificuldade elencada foi a questão climática para obter o resultado previsto. Em sua fala, ele procurou dar valor às qualidades nutricionais e para a saúde das bebidas oriundas da uva. "O vinho precisa deixar de ser apenas uma bebida alcoólica e ser considerada um alimento. É um patrimônio nosso, da nossa região. Conseguimos competir com produtores de todo o mundo e mostrar nosso potencial", afirmou.
O evento também foi prestigiado por diversas autoridades, como o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. Ele esteve em Bento, no sábado, para firmar um acordo junto com as vinícolas para criação de um fundo de fomento à pesquisa e produção das empresas do setor. O valor será oriundo da arrecadação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). "Os europeus têm mais de um bilhão de Euros em subsídios no setor vitivinícola. No Brasil, isso não existe. Pelo acordo que assinamos com a União Europeia, estaremos em desvantagem daqui 12 anos, e o fundo irá nos preparar para isso", explicou. Um dos objetivos é ajudar na compra de equipamentos e acirrar ainda mais a competitividade do mercado brasileiros com outros tradicionais, como França, Portugal, Estados Unidos e Chile.
Após os discursos, chegou a vez de conferir as 16 amostras selecionadas pelos 16 jurados convidados - um deles foi sorteado da plateia. No total, foram experimentadas 337 vinhos e espumantes de 47 empresas brasileiras, espalhadas por todo o território nacional. Das 105 amostras classificadas entre os 30% mais representativas da safra 2019 estão 13 variedades tintas (Alicante Bouschet, Ancellotta, Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Malbec, Marselan, Merlot, Petit Verdot, Pinot Noir, Shiraz, Tannat, Teroldego e Touriga Nacional) e 11 brancas (Chardonnay, Gewurztraminer, Malvasia de Cândia, Moscato Giallo, Moscato R2, Pinot Gris, Prosecco, Riesling Itálico, Sauvignon Blanc, Verdejo e Viogner). Entretanto, por outro lado, castas tradicionais como as tintas Merlot e Cabernet Sauvignon e a branca Chardonnay continuam liderando a quantidade de amostras.
Dentre as escolhidas, apenas uma não era do Rio Grande do Sul - foi produzida e coletada na Bahia. Para cada vinho foram utilizadas 90 garrafas. Assim que cada amostra era servida e degustada, era feito o comentário do vinho por um dos 16 comentaristas convidados, que compartilhou suas impressões. Somente depois de degustar as 16 amostras foi anunciado o resultado e quais empresas tiveram seus produtos selecionados. Vinícola Salton, Domno do Brasil, Chandon, Vinícola Terranova, Casa Valduga, Vinícola Almadén, Vinícola Campestre, Sociedade de Bebidas Panizzon, Guatambu, Casa Perini, Vinícola Valmarino, Cooperativa Nova Aliança, Família Bebber, Vinícola Miolo, Cooperativa Vinícola Aurora e Vinícola Don Guerino foram as premiadas.
