O município de Alegrete deu um passo importante rumo ao fortalecimento da sua bacia leiteira, com o início das atividades do Balde Cheio, programa desenvolvido há 21 anos pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O evento de lançamento aconteceu na sede da Acripleite (Associação dos Criadores e Produtores de Leite de Alegrete), localizada no Parque de Exposições Lauro Dornelles.
O Balde Cheio passou a ser um projeto nacional. Trata-se de uma metodologia de transferência de tecnologia que tem o objetivo de capacitar profissionais da assistência técnica, extensão rural e pecuaristas em técnicas, práticas e processos agrícolas, zootécnicos, gerenciais e ambientais. As tecnologias são adaptadas regionalmente em propriedades que se transformam em salas de aula. Estas são monitoradas quanto aos impactos ambientais, econômicos e sociais no sistema de produção após a adoção das tecnologias.
Mesmo com produção crescente entre os anos de 2009 e 2018, culminando com um total de 13 milhões de litros de leite no último ano, é consenso no município que com alguns ajustes ou mudanças dentro da propriedade é possível aumentar e qualificar essa produção, com ganhos de conhecimento e econômicos para os produtores e para toda a cadeia produtiva do leite. É justamente nesse sentido que caminha o Balde Cheio, mas sem apresentar um modelo pronto, levando em conta as características de cada propriedade e o perfil de cada produtor. A ideia é realizar um diagnóstico do estabelecimento rural e, a partir daí, com o acordo do técnico e do produtor, estabelecer metas e um planejamento para alcançá-las.
Estes ajustes ou mudanças vão desde a melhoria na produção de forragem para os animais até o controle zootécnico do rebanho e um melhor gerenciamento e organização da propriedade. "Nós temos exemplos de produtores que tinham renda anual de R$ 900,00 e hoje estão batendo a meta de R$ 1 milhão por ano. É claro que isso não é fácil, demanda muito trabalho, demanda tempo, mas é possível. Temos produtores que estão chegando a lugares que jamais imaginaram alcançar", destacou Fabrício.
Apesar de fundamental, o ganho econômico não é um pilar isolado para o sucesso do programa. O incentivo a qualificar a produção e a melhor gerir a propriedade também estimula o produtor e o técnico assistente. Aposentada das atividades de professora na cidade, Sandra Soares Vargas voltou para o campo com o objetivo de levar para frente o sonho que alimentou durante muito tempo, o de produzir leite, como seu pai fizera no passado. Selecionada para participar do programa, a produtora revigora uma força de trabalho que já parece infindável. "Eu acordo às 4h da manhã e muitas vezes a rotina de trabalho vai acabar 22h, à noite. O que me anima é estar fazendo aquilo que gosto", diz.
Ela planeja colocar em prática o quanto antes as primeiras recomendações dadas pelos profissionais da Embrapa, como a de detalhar melhor algumas anotações da propriedade e a de ajustar os ciclos de alimentação dos animais, assim como deixar o acesso livre para vacas também se alimentarem durante a noite, de forma que tenham o rúmen com comida pelo menos a cada quatro horas, uma das indicações importantes para aumentar a produção. "Vou seguir todas as recomendações técnicas. Hoje temos 54 vacas em lactação, produzindo 18,5 litros de leite ao dia. Minha meta inicial é chegar a 22 litros por vaca ao dia", destaca.