Ocorreu, na semana passada, o primeiro Seminário de Engajamento Humanitário e Atendimento a Migrantes e Refugiados. Promovido pela prefeitura de Esteio, através da secretaria municipal de Cidadania, Trabalho e Empreendedorismo, e pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur/ONU), o evento promoveu a reflexão e debate de temas que envolvem a realidade dos refugiados e o reassentamento dessa população.
Enquanto a primeira etapa do evento, realizada durante a manhã, foi destinada à comunidade em geral, voluntários e estudantes universitários, entre outros, à tarde, as atividades foram direcionadas a servidores municipais de Esteio e demais municípios que têm interesse no processo de migração e de refúgio. O prefeito Leonardo Pascoal relembrou o processo de acolhimento dos venezuelanos no município. "Os desafios de receber 224 venezuelanos são muitos. No próximo mês, fará um ano do momento que essas pessoas chegaram em Esteio, mudando não apenas as suas vidas, mas a da nossa cidade. Foi algo que aconteceu. Iniciou e terminou como um grande aprendizado", afirmou.
Pascoal comentou sobre o convívio social e os temores da população na época."Foi uma troca de aprendizado. Ter essas pessoas aqui não causou nenhum problema para a nossa cidade. Nenhum esteiense deixou de ser atendido nas unidades de saúde, escolas e demais serviços porque um venezuelano precisou de atendimento", disse. A titular da secretaria, Tatiana Tanara, também compartilhou o seu sentimento perante o grande episódio da Operação Venezuela. "Foram seis meses de operação, seis meses de grandes aprendizados. Na ação, nossa equipe trabalhou como em um laboratório, onde transformamos vidas de mais de 200 pessoas em um certo período e, confesso, isto virou a minha grande paixão", disse.
Na programação de palestras, a oficial de Reassentamento do Acnur no Brasil, Gabriela Cortina, abordou os principais pontos da organização e a sua abordagem com situações diversas. "O Acnur foi criado após a segunda grande guerra, pensado para auxiliar as famílias que passavam pelas dificuldades da época na Europa. Mas com o passar do tempo, conflitos pelo Globo fizeram com que o trabalho seguisse. Hoje, estima-se que 67 milhões de pessoas tenham deixado seus países, seja por questões de conflitos, perseguições ou violações dos direitos humanos", explicou.
A assistente sênior de Determinação da Condição de Refugiados do Acnur Brasil, Giuliana Serricella, trouxe em pauta os benefícios recíprocos da interação entre refugiados e a comunidade de acolhida. "Os refugiados nunca chegam de mãos vazias. Precisamos enxergar de forma mais ampla que, consigo, eles trazem ferramentas, conhecimentos e lembranças, brindando o Brasil com novas culturas, aprendizados e visões diferentes do mundo", destacou. "São pessoas assim como nós que, em seus países de origem, tinham uma vida, um trabalho e uma família. Então é essa tecla que deve ser insistida: eles trazem consigo toda a experiência anterior", finalizou.