"Estudar é libertador. Não quero mais parar." Essa frase resume o sentimento da sapucaiense Rosmari Pimental Nunes, de 40 anos, estudante da Educação de Jovens e Adultos (EJA) de Sapucaia do Sul. Rosmari retomou os estudos há cerca de um ano na turma da Escola Municipal Júlio Ströher e viu sua vida mudar. Assim como ela, cerca de mil sapucaienses estão matriculados na EJA e viram, na modalidade de ensino, a chance de concluir os estudos e se qualificar. Ao contrário de alguns municípios do Estado, a modalidade tem crescido a cada ano, segundo dados da secretaria municipal de Educação. Neste primeiro semestre de 2018, 205 estudantes estão concluindo o Ensino Fundamental através da EJA. No mesmo período do ano anterior, foram 184, e, em 2016, foram 144.

O titular da secretaria municipal de Educação, Luciano Rodrigues, fala sobre este avanço. "Enquanto, em alguns municípios do Estado, está havendo desmonte desta modalidade de ensino, Sapucaia do Sul vem em uma crescente valorização desta política pública, oportunizando novas matrículas em oito escolas, com recursos humanos qualificados e com projetos pedagógicos de sala de aula, laboratório de informática e outros projetos específicos para cada comunidade escolar", ressaltou o secretário. A prefeitura de Sapucaia do Sul oferece a modalidade em 10 escolas municipais, oito com turmas no turno da noite, e duas com turmas no turno da tarde.

Rosmari lembra que sempre quis estudar, mas não conseguiu concluir os estudos quando era jovem, porque precisou ajudar a família. "Parei de estudar aos 12 anos, quando estava cursando a 5ª série. Um dia, estava na fila para uma entrevista de emprego, e quem estava selecionando disse que quem não tivesse Ensino Fundamental poderia ir embora. Aquilo me marcou e fiquei muito triste, mas, no mesmo dia, fui na Escola Júlio Ströher e me matriculei. Foi a melhor coisa que fiz", conta Rosmari. Agora, com os três filhos criados, ela quer ir além. "Termino o Ensino Fundamental no final deste ano e, depois, quero cursar o Ensino Médio. Sonho em ser pedagoga", diz.

A busca por uma melhor colocação no mercado de trabalho também foi o que motivou José Fernando Teixeira da Silva, de 56 anos, a voltar a estudar. "Parei de estudar na 6ª série, em 1981. Não adianta, sem estudo não somos nada e não conseguimos nada. Hoje, estou em um trabalho melhor por causa dos estudos. A gente aprende muito e, ainda, ajuda os colegas mais novos que pensam a desistir. Sempre converso com eles e tento incentivar. O estudo me deu mais esperança", disse Silva, também se preparando para cursar o Ensino Médio.