Um estudo publicado por uma equipe da Universidade do Vale do Taquari (Univates) contemplou o primeiro registro de infestação de um ácaro em seres humanos no Vale do Taquari. A espécie (Ornithonyssus bursa) caracteriza um ácaro hematófago comumente encontrado em aves silvestres e domésticas e que pode parasitar temporariamente o homem.
As infestações humanas ocorrem quando qualquer uma das aves deixa seus ninhos. Os espécimes analisados durante a pesquisa foram coletados em uma residência na zona urbana do município de Cruzeiro do Sul e mantidos sob baixa refrigeração para estudo e identificação.
A partir dos relatos da mãe residente na casa e das características das lesões na criança, foi levantada a suspeita de que pudessem ser oriundas de mordidas de ácaros hematófagos. "Desta forma, fui até a residência e encontrei um ninho de pomba no ar condicionado. Realizei a coleta dos ácaros e levei para o laboratório para a identificar com a ajuda da minha colega, que participou do artigo", explica uma das pesquisadoras, Aline Marjana Pavan. Além dela, também compõem a equipe responsável pelo estudo os pesquisadores Darliane Evangelho-Silva, Luiz Liberato Costa-Corrêa e Noeli Juarez Ferla.
"Este relato reitera a importância de se conhecer os diferentes agentes causadores de lesões cutâneas para o correto tratamento, além de alertar a comunidade", informa Aline. Apesar de ser um problema relativamente comum o ataque de ácaros de outras espécies a seres humanos, a pesquisadora observa que o estudo científico contribui para ampliar o conhecimento que se tem de eventuais interações entre espécies que não acontecem tão comumente.
Os dados levantados com este estudo serviram de base para a elaboração da nota científica que contribuirá como uma fonte de informação para a identificação do ácaro. "A pesquisa sempre me fascinou desde a graduação. A busca pelo conhecimento, a resolução de problemas, a descoberta de novos achados me motivam, ainda mais quando eu posso contribuir positivamente com meu conhecimento para com a sociedade", disse a pesquisadora.