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Estados Unidos

- Publicada em 05 de Maio de 2022 às 20:29

ONU recebe pela primeira vez evento para discutir a cannabis

Na pandemia, todos os dispensários médicos da cannabis nos EUA foram classificados como 'serviço essencial'

Na pandemia, todos os dispensários médicos da cannabis nos EUA foram classificados como 'serviço essencial'


SPENCER PLATT/GETTY IMAGES/AFP/JC
Pouco mais de um ano após legalizar o uso recreativo da maconha para os cidadãos maiores de 21 anos, Nova York recebeu nesta quinta-feira (5) o primeiro evento de cannabis organizado na ONU. O encontro é uma consequência do impacto da planta na sociedade, especialmente durante a pandemia, quando todos os dispensários médicos da substância nos EUA foram classificados como "serviço essencial". Só no ano passado, a venda do setor no país aumentou 43% na comparação com 2020.
Pouco mais de um ano após legalizar o uso recreativo da maconha para os cidadãos maiores de 21 anos, Nova York recebeu nesta quinta-feira (5) o primeiro evento de cannabis organizado na ONU. O encontro é uma consequência do impacto da planta na sociedade, especialmente durante a pandemia, quando todos os dispensários médicos da substância nos EUA foram classificados como "serviço essencial". Só no ano passado, a venda do setor no país aumentou 43% na comparação com 2020.
Batizado de Regenerative Cannabis Live, o fórum foi organizado pelo norte-americano Patrick McCartan, CEO da Regennabis Ventures, fundo que investe no setor. Entre outros temas, a governança ambiental, social e corporativa (ESG, na sigla em inglês) estava entre os assuntos debatidos pelos 32 palestrantes do evento. Na plateia, o terno e a gravata típicos de eventos executivos foram deixados de lado e substituídos por roupas menos sisudas.
Uma das pessoas mais importantes do setor, Steve DeAngelo compareceu ao encontro usando suas tranças tradicionais e com seu chapéu característico. "Esse é um grande passo para o setor da Cannabis, o reconhecimento da importância do segmento", disse ele, que é o fundador da Harboside Help Center, o primeiro dispensário aberto nos EUA. A empresa hoje é o maior centro medicinal da substância no país, com ações negociadas na Bolsa.
O evento atraiu os maiores nomes do mercado, com representantes de Índia, Canadá, Malta, Panamá, Argentina, Paraguai, Qatar e até do Brasil. "Esse é o sinal do quanto a indústria da Cannabis é pulsante", disse Alex Lucena, diretor de inovação da The Green Hub, aceleradora de startups do setor.
"O Brasil é dono de um grande potencial. Temos terras e clima para plantar o cânhamo, além de tecnologia", afirmou ele. Além do óleo medicinal, extraído da flor, o restante da planta pode ser usado para a produção de tecidos e de outros materiais.
"Somos o único país desse encontro sem regulação, apesar de já existir uma indústria nacional de cannabis", disse Patrícia Villela, palestrante do evento e presidente da Humanitas360, empresa sem fins lucrativos que desenvolve um trabalho social com a população carcerária. Nos últimos dois anos, a Associação Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a comercialização de ao menos 12 óleos à base de cannabis.
Em seu discurso, Patrícia lembrou que o país já foi protagonista neste setor. Há 40 anos, os cientistas Elisaldo Carlini e Raphael Mechoulam, de Israel, descobriram o potencial da cannabis no tratamento de epilepsia - o CBD (canabidiol, substância não psicoativa da maconha) pode ser usado como anticonvulsivo. Desde então, as pesquisas evoluíram e as substâncias derivadas da planta viraram tratamento para dores do câncer, fibromialgia, insônia e depressão, entre outros.
"O mercado de Cannabis, que até recentemente era criminalizado e marginalizado, alimentando o preconceito racial e estigmatizando culturas, saiu da ilegalidade pela pesquisa científica, pela advocacia investigativa e pela prática da cidadania", disse Patrícia.
A Anvisa só regulou a importação da substância em 2014, depois de muitas manifestações públicas das chamadas Mães da Cannabis, mulheres que tinham filhos que sofriam de síndromes raras e que usavam derivados da maconha no tratamento. Essa regra acaba favorecendo apenas quem tem dinheiro para pagar os altos custos da importação dos medicamentos. A outra opção é entrar na Justiça para que o Estado se responsabilize pelo tratamento. Atualmente, os remédios com derivados de cannabis comercializados nas farmácias nacionais custam R$ 2.100,00, em média.
"A cannabis faz parte de uma agenda pública e de saúde de efeitos positivos, que abrem oportunidades institucionais, científicas e de recuperação dos biomas degradados", disse Patrícia, durante o evento. "Não é uma questão de religião, mas de fé."
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