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Relações Internacionais

- Publicada em 27 de Janeiro de 2022 às 20:07

Rússia expressa pouco otimismo após 'nãos' dos EUA sobre Ucrânia

Kuleba diz que uma investida militar russa não está no radar pelas próximas duas semanas

Kuleba diz que uma investida militar russa não está no radar pelas próximas duas semanas


Mads Claus Rasmussen/Ritzau Scanpix/AFP/JC
A sequência de respostas negativas dadas pelos Estados Unidos a propostas da Rússia para tentar solucionar a crise com a Ucrânia foi recebida pelo Kremlin com pouco otimismo. O porta-voz da presidência de Vladimir Putin, Dmitri Peskov, disse nesta quinta-feira (27) que Moscou não tem pressa para tirar conclusões depois da resposta formal negativa de Washington, entregue no dia anterior, aos planos de redesenhar os acordos de segurança pós-Guerra Fria na Europa.
A sequência de respostas negativas dadas pelos Estados Unidos a propostas da Rússia para tentar solucionar a crise com a Ucrânia foi recebida pelo Kremlin com pouco otimismo. O porta-voz da presidência de Vladimir Putin, Dmitri Peskov, disse nesta quinta-feira (27) que Moscou não tem pressa para tirar conclusões depois da resposta formal negativa de Washington, entregue no dia anterior, aos planos de redesenhar os acordos de segurança pós-Guerra Fria na Europa.
À semelhança da diplomacia norte-americana, contudo, Peskov afirmou que, da parte dos russos, também há interesse em continuar o diálogo. O impasse, segundo o porta-voz, está na classificação de "inaceitável" dada pelos norte-americanos e pela Otan, a aliança militar do Ocidente, às demandas de Moscou.
"Não podemos dizer que nossos pensamentos foram levados em consideração ou que foi demonstrada a disposição de levar nossas preocupações em consideração", afirmou Peskov, acrescentando que a crise atual é uma reminiscência da Guerra Fria. "Mas não vamos nos apressar com nossas avaliações."
A reação sutil do Kremlin foi vista ao menos como um breve respiro na crise, ainda que esteja longe de significar um recuo na escalada de tensões. As perspectivas de uma solução, porém, ainda são nebulosas. O chanceler russo, Serguei Lavrov, disse haver esperança de iniciar um diálogo sério entre as partes, mas apenas sobre as questões secundárias, não sobre as fundamentais.
A resposta norte-americana era previsível e manteve a disposição de conversar. "Estamos abertos ao diálogo", disse o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken. Sem entrar em detalhes, negou as principais demandas apresentadas por escrito por Putin, a saber: o Kremlin quer a volta da Otan a seu tamanho antes da absorção de membros ex-comunistas, a partir de 1999, e o compromisso de que a aliança nunca terá a Ucrânia como um de seus membros.
Em outros temas, e aqui está a porta de saída do imbróglio, se é que ela existe, já que os russos realizam exercícios militares em três lados da Ucrânia, Blinken disse estar aberto a mais diálogos e citou temas como desarmamento nuclear e monitoramento de exercícios militares mútuos.
O secretário norte-americano insistiu que haverá conversas com reciprocidade "se a Rússia desescalar suas forças" em torno da Ucrânia - de 100 mil a 175 mil soldados estão mobilizados, insuficiente para uma invasão total, mas adequado para ações como a eventual anexação do Donbass. 
Para o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmitro Kuleba, uma investida militar russa não está no radar pelo menos durante as próximas duas semanas. Esse é o período de tempo previsto até a próxima reunião entre Rússia, Ucrânia, Alemanha e França em Berlim - o agendamento foi, na prática, o que de mais concreto saiu do encontro semelhante realizado em Paris nesta quarta (26).
Pouco antes das declarações do Kremlin, o chanceler ucraniano disse acreditar que Moscou deve permanecer em um caminho diplomático com Kiev e com o Ocidente. "Entendemos que uma operação militar é algo que eles guardam no bolso, não é algo que eles colocam à frente de outras opções", afirmou Kuleba, acrescentando, porém, que a Ucrânia está se preparando para todos os cenários. Em sua visão, a estratégia da Rússia é agir para desestabilizar o país vizinho, inclusive usando táticas de guerra híbrida, como ataques cibernéticos e campanhas de desinformação.
Putin não fala publicamente sobre a crise há semanas. Para ele, a simples retirada das tropas na fronteira não é uma opção palatável. O presidente russo pode, porém, bater o pé e, em vez de agir militarmente como sempre disse que não faria, aplicar o que o Kremlin costuma descrever como respostas "técnico-militares". Isso envolveria, por exemplo, a abertura de uma base permanente na Bielorrússia, talvez com armas nucleares, e o envio de tropas ou armas para aliados no quintal dos EUA, Cuba e Venezuela.
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