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Relações Internacionais

- Publicada em 13 de Janeiro de 2022 às 19:19

Rússia não descarta tropas em Cuba e na Venezuela

Vice-chanceler ameaçou posicionar militares próximos dos EUA

Vice-chanceler ameaçou posicionar militares próximos dos EUA


Fabrice COFFRINI/AFP/JC
A Rússia elevou nesta quinta-feira as apostas em seu confronto com o Ocidente sobre a questão da Ucrânia, depois que o vice-ministro das Relações Exteriores do país, Sergei Ryabkov, alertou que um destacamento militar russo em Cuba e na Venezuela não pode ser descartado se as tensões com os Estados Unidos aumentarem. Em comentários na televisão, Ryabkov disse que não poderia confirmar ou excluir a possibilidade de a Rússia estabelecer infraestrutura militar nos dois países latino-americanos.
A Rússia elevou nesta quinta-feira as apostas em seu confronto com o Ocidente sobre a questão da Ucrânia, depois que o vice-ministro das Relações Exteriores do país, Sergei Ryabkov, alertou que um destacamento militar russo em Cuba e na Venezuela não pode ser descartado se as tensões com os Estados Unidos aumentarem. Em comentários na televisão, Ryabkov disse que não poderia confirmar ou excluir a possibilidade de a Rússia estabelecer infraestrutura militar nos dois países latino-americanos.
A reunião entre russos e integrantes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) na quarta-feira, em Viena, não conseguiu aplacar o impasse sobre as exigências do Kremlin, que mantém tropas mobilizadas na fronteira com a Ucrânia.
O vice-chanceler ressaltou que Washington e a Otan rejeitaram a principal reivindicação de Moscou: uma garantia de que a aliança não incorporará a Ucrânia e outras nações ex-soviéticas. Ele acrescentou que as grandes diferenças nas estratégias dos dois lados colocam em dúvida a continuidade das negociações.
As conversas ocorrem em um momento em que cerca de 100 mil soldados russos, além de tanques e equipamentos militares pesados, estão concentrados perto da fronteira leste da Ucrânia. O acúmulo causou profundas preocupações em Kiev e no Ocidente de que Moscou está se preparando para uma invasão. A Rússia nega isso e, por sua vez, acusa o Ocidente de ameaçar sua segurança ao posicionar pessoal e equipamentos militares na Europa Central e Oriental.
A Otan vê risco de conflito na Ucrânia após a reunião. "Há diferenças que não serão fáceis de acomodar. E há um risco real de conflito armado na Europa", disse Jens Stoltenberg secretário-geral da aliança atlântica. Apesar do tom sombrio, ele disse que "é um sinal positivo" que todos estejam negociando.
Stoltenberg sugeriu que não há solução para o impasse sobre a principal demanda da Rússia: que a Otan pare de avançar na direção de ex-repúblicas soviéticas. Mas governos da aliança militar, incluindo os EUA, já disseram que essa exigência é inaceitável. Para Stoltenberg, a Ucrânia tem o direito de decidir seu futuro e a Otan deixará sempre a porta aberta para novos membros.
Em Moscou, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, alertou que a Rússia espera uma resposta rápida. A negociadora norte-americana, Wendy Sherman, no entanto, afirmou que "se os russos deixarem a mesa de negociação, ficará claro que eles nunca foram sérios nas suas intenções".
Desde 2019, não havia um encontro do chamado Conselho Otan-Rússia, criado há duas décadas. As relações entre os dois lados sofreram um abalo quando a Rússia anexou a Península da Crimeia, em 2014.
 

Putin testa novo bombardeiro para ataques nucleares

Enquanto alimenta temores no Ocidente de que o impasse na Ucrânia possa se tornar uma guerra de fato com a Otan, a Rússia de Vladimir Putin vai afiando seu arsenal para tal eventualidade. Na quarta-feira, foi realizado em Kazan o primeiro voo do Tupolev Tu-160M2, o mais recente bombardeiro estratégico para emprego em ataques convencionais e nucleares do país.
Não é um projeto novo, ao contrário: conhecido no Ocidente como Blackjack e entre russos como Cisne Branco, o Tu-160 voou pela primeira vez em 1981 e estreou em operação seis anos depois, no ocaso da União Soviética.
Ela é a maior e mais pesada aeronave supersônica de combate em ação no mundo, personagem frequente de interceptações nos turbulentos mares Báltico, Negro ou Pacífico, e visto algumas vezes visitando bases aéreas na Venezuela.
Recentemente, o aparelho foi enviado para patrulhas conjuntas com a Força Aérea de Belarus no espaço aéreo da ditadura aliada a Moscou, como forma de mostrar apoio na crise entre Minsk e a Polônia acerca de refugiados na fronteira.
Foram feitos 27 aviões, dos quais 16 seguem voando. Desses, 7 são uma versão modernizada, a Tu-160M, com novos motores e aviônica digital. Não há detalhes sobre novidades acerca do desempenho do Tu-160, nas versões atuais uma arma impressionante, com 54 metros de comprimento e 55 de envergadura, pesando vazio 110 toneladas e capaz de carregar 45 toneladas de armamento, seis mísseis de cruzeiro ou 12 mísseis com ogivas nucleares de curto alcance.