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Internacional

- Publicada em 20 de Novembro de 2021 às 09:37

Mortes por overdose nos EUA passam de 100 mil em um ano e superam vítimas de trânsito e armas

Total de mortes pelo uso de estimulantes, como metanfetamina e cocaína, e por opioides também cresceu

Total de mortes pelo uso de estimulantes, como metanfetamina e cocaína, e por opioides também cresceu


ORLANDO SIERRA/AFP/JC
A epidemia do abuso de drogas nos Estados Unidos bateu um novo recorde, com mais de 100 mil norte-americanos mortos vítimas de overdose em um ano. Os dados preliminares foram apresentados nesta semana pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).
A epidemia do abuso de drogas nos Estados Unidos bateu um novo recorde, com mais de 100 mil norte-americanos mortos vítimas de overdose em um ano. Os dados preliminares foram apresentados nesta semana pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).
O total de 100.306 foi computado entre abril de 2020 e abril de 2021 e representa um aumento de 28,6% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando 78 mil norte-americanos foram vítimas do abuso de substâncias químicas. Em aumento constante há duas décadas, essa cifra dobrou de 2015 para cá.
Esse número ainda é provisório porque investigações de mortes relacionadas ao uso de drogas podem levar meses, mas o valor apresentado pelo CDC soma 98 mil relatórios de mortes até o momento. "É hora de enfrentar o fato de que a crise está piorando. Precisamos colocar todas as nossas mãos para trabalhar", disse o secretário de Saúde, Xavier Becerra.
Rahul Gupta, chefe do escritório de políticas de controle de drogas da Casa Branca, afirmou que o número de vítimas é "inaceitável". "Uma overdose é um pedido de ajuda", disse. "Para muitas pessoas, esse pedido não tem resposta. Isso requer todo um conjunto de respostas do governo e estratégias baseadas em evidências".
Recorde histórico, o total de vítimas de overdose foi maior do que o somatório de mortes por arma de fogo e no trânsito. Os dados apontam que a maior parte (cerca de 70%) é formada por homens com idade entre 25 e 54 anos.
O aumento de mortes foi potencializado por opioides sintéticos, sobretudo pelo fentanil fabricado ilegalmente, droga 100 vezes mais poderosa que a morfina, que geralmente é usada combinada a outras substâncias para potencializar seus efeitos.
Anne Milgram, chefe da Drug Enforcement Administration (DEA), órgão de repressão e controle de narcóticos, afirmou que o órgão tem apreendido cada vez mais fentanil. "Só neste ano, a DEA apreendeu fentanil suficiente para prover cada cidadão norte-americano com uma dose letal", disse, de acordo com a rede de rádios NPR.
O total de mortes pelo uso de estimulantes, como metanfetamina e cocaína, e por opioides naturais ou semi-sintéticos também cresceu. Segundo o jornal The New York Times, os maiores aumentos de vítimas de overdose entre um ano e outro aconteceram nos estados da Califórnia, Tennessee, Louisiana, Mississipi, Virgínia Ocidental e Kentucky. Já nos estados de New Hampshire, New Jersey e South Dakota, o total de mortes caiu.
Especialistas associam o aumento de mortes por overdose à pandemia da Covid-19, com dificuldade no acesso ao tratamento e aumento de problemas de saúde mental. "Estamos vendo muitas pessoas que demoram para procurar ajuda e parecem estar mais doentes", disse ao New York Times Joseph Lee, da fundação para tratamento de dependentes Hazelden Betty Ford. Segundo ele, o número foi influenciado pela perda de apoio comunitário e social, além do fechamento de escolas.
À Associated Press, Katherine Keyes, da Universidade de Columbia, chamou a cifra de "devastadora". "É uma magnitude de overdose que nunca tínhamos visto neste país."
O governo norte-americano apresentou um plano de US$ 1,5 bilhão para a prevenção e tratamento de abuso dessas substâncias e US$ 30 milhões para financiar serviços locais para pessoas com problemas de dependência. A administração do presidente Joe Biden anunciou ainda que planeja melhorar o acesso à naloxona, medicamento capaz de conter uma overdose.
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