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Internacional

- Publicada em 12 de Outubro de 2021 às 18:13

UE anuncia pacote de apoio de 1 bilhão de euros para o Afeganistão

Reunião do G-20 sobre o Afeganistão deixou mais evidente as divergências entre os países-membros sobre como lidar com a situação

Reunião do G-20 sobre o Afeganistão deixou mais evidente as divergências entre os países-membros sobre como lidar com a situação


Filippo Attili/AFP/JC
Desde sábado (9), lideranças do Taleban têm articulado os maiores esforços diplomáticos desde que o grupo fundamentalista retomou o poder no Afeganistão, há pouco menos de dois meses. Reuniões com os Estados Unidos e a União Europeia (UE) foram organizadas no Qatar, e resultados começaram a chegar - ainda que o regime radical siga sem o reconhecimento de nenhuma nação.
Desde sábado (9), lideranças do Taleban têm articulado os maiores esforços diplomáticos desde que o grupo fundamentalista retomou o poder no Afeganistão, há pouco menos de dois meses. Reuniões com os Estados Unidos e a União Europeia (UE) foram organizadas no Qatar, e resultados começaram a chegar - ainda que o regime radical siga sem o reconhecimento de nenhuma nação.
A Comissão Europeia, o Poder Executivo da UE, anunciou nesta terça-feira (12) um pacote de apoio de aproximadamente 1 bilhão de euros (R$ 6,4 bilhões) para Cabul. O comunicado foi feito pela presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, que justificou a ajuda como uma forma de frear o iminente colapso econômico e a já existente catástrofe humanitária afegã.
"Os afegãos não deveriam pagar o preço das ações do Taleban", disse, em uma rede social. "O pacote de apoio se destina ao povo afegão e aos vizinhos do país que prestaram ajuda."
Do montante, 300 milhões de euros serão destinados a ajuda humanitária, como apoio extra para vacinação contra a Covid-19, abrigo e proteção dos direitos humanos, segundo detalhes apresentados por Ursula durante reunião virtual extraordinária do G-20 para tratar do assunto. Outros 250 milhões de euros irão para saúde, e o restante, para fundos de apoio a países vizinhos. Os recursos devem ser repassados a organizações internacionais que ajudam essas regiões, de modo a evitar que sejam usados pelo regime Taleban para outros fins.
Ao anunciar o repasse humanitário, a presidente da Comissão Europeia frisou que a medida não abre as portas para colaboração diplomática com o país: "Nossas condições para qualquer envolvimento com as autoridades afegãs são claras, e envolvem os direitos humanos."
A UE tem uma lista de critérios básicos para estabelecer relações com as novas lideranças de Cabul, e um futuro pacote para o desenvolvimento do país depende disso. Respeitar os direitos humanos fundamentais -em especial os das mulheres -, ser inclusivo e permitir o acesso da ajuda humanitária fazem parte da cesta de exigências.
A reunião do G-20 sobre o tema, organizada pelo premiê italiano, Mario Draghi, que detém a presidência rotativa do grupo, deixou mais transparentes as divergências entre os países-membros sobre como lidar com a situação afegã. "O principal problema é que os países ocidentais querem interferir na forma como o Taleban dirige o país e como trata as mulheres, por exemplo, enquanto China e Rússia têm uma política externa de não interferência", disse uma fonte diplomática familiarizada com o tema à agência de notícias Reuters.
A China, que prometeu relações amistosas com o Taleban, já exigiu publicamente que sanções econômicas ao Afeganistão fossem suspensas e que bilhões de dólares em ativos internacionais fossem descongelados. Já EUA e Reino Unido resistem a essa possibilidade.
Nesta segunda (11), o secretário-geral das Nações Unidas, o português António Guterres, instou as maiores economias mundiais a ajudarem na recuperação econômica do país e insistiu que há formas de fazer isso sem dar suporte aos talebans, como por meio da transferência de fundos internacionais para agências da ONU ou ONGs que poderiam transferir o dinheiro para civis.
Guterres falou ainda sobre as "promessas não cumpridas que levam a sonhos desfeitos de mulheres e meninas no Afeganistão", em referência às frágeis promessas feitas por lideranças do grupo fundamentalista sobre mais moderação.
O secretário-geral alertou, em especial, sobre o papel das mulheres na recuperação econômica. "No Afeganistão, 80% da economia é informal, com um papel preponderante das mulheres. Sem elas, não existe a possibilidade de a economia e a sociedade afegãs se recuperarem."
No sábado, em Doha, lideranças do Taleban se reuniram com autoridades norte-americanas na primeira conversa direta com Washington desde que o grupo retomou Cabul após a retirada das tropas ocidentais. Os EUA ressaltaram que o encontro não representou o reconhecimento do governo do Taleban.
O ministro das Relações Exteriores do Taleban, Amir Khan Muttaqi, disse em uma entrevista coletiva que o objetivo dos encontros é "ter uma relação positiva com todo o mundo". "Acreditamos em relações internacionais equilibradas e que essas relações podem salvar o Afeganistão da instabilidade."
Ainda não foram feitos anúncios sobre os resultados práticos do encontro. Muttaqi afirmou, pouco depois, que Washington se comprometeu em doar vacinas contra a Covid-19 a Cabul.
Desde que o Taleban retomou o poder, uma onda de atentados reivindicados pelo Estado Islâmico (EI) tem deixado dezenas de mortos e feridos. No mais recente, um ataque suicida em uma mesquita da província de Kunduz, no norte afegão, deixou mais de 60 mortos, segundo contagem da agência de notícias AFP.
A ramificação afegã do grupo terrorista, conhecida como EI-Khorasan (EI-K) vem ameaçando a estabilidade doméstica que os talebans tentam assegurar como forma de conquistar apoio internacional. Estimativas de julho de 2020 indicam que o EI-K teria até 500 combatentes ativos.
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