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Internacional

- Publicada em 19 de Setembro de 2021 às 10:41

Redes sociais e celulares ajudam terrorismo a ampliar seu alcance no Oriente Médio

Surgimento do EI foi possível pela existência de um território devastado pela guerra

Surgimento do EI foi possível pela existência de um território devastado pela guerra


NOORULLAH SHIRZADA/AFP/JC
Logo após o 11 de Setembro, o Ocidente, em especial o governo norte-americano, se viu diante de um novo inimigo: Osama Bin Laden. Ao longo de 20 anos, a Al-Qaeda perdeu força, Bin Laden foi morto, mas a disseminação da ideologia jihadista continua forte, principalmente com o uso de redes sociais e celulares. Os grupos terroristas continuam se espalhando, principalmente em países da África e da Ásia, e derrotá-los não é tarefa simples.
Logo após o 11 de Setembro, o Ocidente, em especial o governo norte-americano, se viu diante de um novo inimigo: Osama Bin Laden. Ao longo de 20 anos, a Al-Qaeda perdeu força, Bin Laden foi morto, mas a disseminação da ideologia jihadista continua forte, principalmente com o uso de redes sociais e celulares. Os grupos terroristas continuam se espalhando, principalmente em países da África e da Ásia, e derrotá-los não é tarefa simples.
"Os ataques do 11 de Setembro mostraram aos grupos terroristas o que era possível fazer e, por muitos anos depois, eles tentaram replicar isso. Eventualmente, concluíram que repetir o 11 de Setembro não seria fácil, mas a inspiração continua", disse ao Estadão Graeme Wood, professor de ciência política em Yale e autor do livro A Guerra do fim dos tempos: o Estado Islâmico e o mundo que ele quer.
Se algo mudou desde então, é que o Taleban retomou o poder no Afeganistão após a retirada das tropas dos EUA, mas a proteção dada pelo grupo a organizações terroristas se tornou mais difícil. "Embora a ocupação norte-americana (no Afeganistão) seja tratada como um fracasso, ela conseguiu algo importante. Antes, o Taleban não hesitava em encorajar a Al-Qaeda, que planejava ataques contra os EUA. Agora, o Taleban sabe que deve ser cauteloso sobre isso ou os EUA vão retaliar. A chance de outra invasão é baixa, mas a reação seria mais séria do que ter alguns mísseis atirados contra eles", disse Wood.
"O foco da Al-Qaeda, inicialmente, era afastar o Ocidente, em especial os EUA, do mundo muçulmano. Por isso uma série de atentados contra os EUA, com o 11 de Setembro sendo o ponto máximo. Depois disso, ela passou a ser o grande alvo e perdeu bastante capacidade de articulação, mas ainda tem presença em vários países", disse o coordenador do Núcleo de Estudos e Negócios do Oriente Médio da ESPM, Gunther Rudzit. "Hoje, a Al-Qaeda continua muito presente, principalmente na região do Magreb."
Segundo Rudzit, um integrante da Al-Qaeda ainda é preocupante para governos ocidentais. Ayman al-Zawahiri fez parte da formação inicial do grupo, foi braço direito de Bin Laden e é o cérebro por trás da rede terrorista.
"Ele continua solto e, por isso, continua representando o simbolismo de uma resistência ao 'Grande Satã', como eles se referem aos EUA. O foco da Guerra ao Terror desapareceu, a Al-Qaeda perdeu capacidade, surgiu o Estado Islâmico (EI). Mas, considerando que (Abu Bakr) al-Baghdadi morreu, Zawahiri continua sendo uma liderança importante. Os líderes desses grupos são reconhecidos no mundo muçulmano, ainda têm importância para servir de catalisadores e recrutadores."
O terrorismo no Oriente Médio, desde os ataques do 11 de Setembro, cresceu e se disseminou de forma metastática, como mostra Lawrence Wright, pesquisador do Centro de Direito e Segurança da Universidade de Nova York e autor de O vulto das duas torres: A Al-Qaeda e o caminho até o 11/9 e Anos de Terror. Segundo Wright, a Al-Qaeda se dividiu em diversas frentes e tem afiliadas no norte da África, na Europa e no Iraque, "cada braço com seu nível de autonomia, mas seguindo as normas ditadas pelos fundadores (do grupo)".
"Na época da Al-Qaeda, já existiam algumas células (na África), mas com ascensão do Estado Islâmico e disseminação da tecnologia, com internet, redes sociais e celulares, essas células conseguiram se propagar mais facilmente. Enquanto o Ocidente estava olhando para o Oriente Médio clássico, essas regiões começaram a ver tal propagação", afirmou Rudzit.
Radicalismo ganhou força com a guerra
Wood afirma que o surgimento do EI foi possível pela existência de um território devastado pela guerra e sua propagação tem base no apelo religioso e até emocional. "A destruição da Síria durante a guerra civil e o fracasso do Iraque e de seu governo após a invasão norte-americana, de 2003, foram fatores determinantes para a ascensão do grupo. Após isso, a Síria se tornou um território livre para os jihadistas. Atualmente, o EI está ganhando força, mas nada parecido ao que tinha em 2015", avalia.
Com a ascensão do EI, os ataques terroristas ganharam outro patamar. Sequestros e assassinatos de jornalistas e trabalhadores de organizações humanitárias ocidentais em países do mundo muçulmano se tornaram mais comuns.
Rudzit explica que o EI aprimorou o que a Al-Qaeda começou e deixou os governos ocidentais não mais em uma "guerra ao terror", mas em um "estado de alerta permanente". "Eles usam vídeos e até jogos on-line para se comunicar com possíveis recrutados. Eles conseguem propagar a ideologia jihadista bastante fundamentalista nos países muçulmanos em especial, mas também no Ocidente. A forma de ação que eles têm hoje é quase impossível de se eliminar."
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