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Internacional

- Publicada em 31 de Agosto de 2021 às 18:18

'Jamais faria coalizão com a esquerda', diz Merkel, sobre sua sucessão na Alemanha

Eleição parlamentar ocorre em 26 de setembro e vai marcar o fim dos 16 anos de governo de Merkel

Eleição parlamentar ocorre em 26 de setembro e vai marcar o fim dos 16 anos de governo de Merkel


Markus Schreiber/POOL/AFP/JC
A primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, desceu do muro e marcou posição mais forte nesta terça (31) na campanha eleitoral à sua sucessão, após pesquisas mostrarem que seu partido, a União (CDU/CSU), continua em queda.
A primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, desceu do muro e marcou posição mais forte nesta terça (31) na campanha eleitoral à sua sucessão, após pesquisas mostrarem que seu partido, a União (CDU/CSU), continua em queda.
A eleição parlamentar alemã acontece no dia 26 de setembro, e vai marcar o fim dos 16 anos de governo de Merkel, que no ano passado anunciou sua intenção de se aposentar. "Comigo à frente do governo jamais haveria uma coalizão na qual a esquerda estivesse envolvida", disse a política de centro-direita, ao responder a uma pergunta sobre Olaf Scholz, candidato dos sociais-democratas (SPD) que tem procurado reforçar a mensagem de que tem o perfil mais próximo ao de Merkel.
Em alta nas intenções de voto desde as enchentes de julho, o partido social-democrata ultrapassou numericamente a União na média das pesquisas de intenção de voto neste final de semana, saltando de 15% para 24%. A sigla de Merkel, que tem como candidato a premiê o governador da Renânia do Norte-Vestfália, Armin Laschet, caiu de 29% para 22%.
Embora os eleitores alemães não escolham diretamente o primeiro-ministro, e sim os deputados que o elegerão no Bundestag (Câmara Baixa), analistas acreditam que a popularidade de Scholz - mais que o dobro da de Laschet - seja uma das causas dessa reviravolta.
Scholz também é visto como mais seguro e estável que Laschet, e montou rapidamente um pacote de ajuda financeira às vítimas das inundações, enquanto o candidato da União reagiu tarde ao desastre em seu estado e foi flagrado rindo durante homenagem às vítimas.
Fixar-se como o "herdeiro" de Merkel poderia conquistar a parte menos direitista do eleitorado de centro-direita para seu partido, calcula Scholz, que é vice-premiê e ministro das Finanças no governo de Merkel. Ele se beneficiaria ainda da boa avaliação da gestão atual: 70% dos alemães consideram boa a gestão federal, segundo os dados de agosto do Forschungsgruppe Wahlen. Nessa estratégia de identificação, ele chegou a posar para uma revista alemã imitando o gesto de mãos em losangos que é símbolo de sua chefe.
O candidato, porém, não pode descartar de forma explícita uma aliança com a esquerda sem entrar em choque direto com a liderança de seu próprio partido, que é de um grupo mais à esquerda, enquanto Scholz está na ala centrista. Esse constrangimento abriu um flanco para ataques do candidato da União, Armin Laschet, durante debate na TV no último domingo (29) e, nesta terça, para as críticas de Merkel.
Segundo a primeira-ministra, o fato de Scholz não recusar uma aliança com a Esquerda significa "que existe uma grande diferença entre nós dois em relação ao futuro da Alemanha". "Quero dizer claramente que para o futuro, e especialmente nestes tempos, são necessárias declarações muito claras sobre a continuação dos trabalhos governamentais", disse Merkel.
Uma das principais ressalvas em relação à esquerda é que o partido defende a retirada da Alemanha da Otan, aliança militar de países europeus e norte-americanos. Por causa dessa posição, os Verdes, que aparecem em terceiro lugar nas pesquisas, já declararam que não aceitarão uma coalizão com a esquerda.
Na entrevista Merkel também se disse satisfeita pelo fato de Scholz querer se mostrar como o representante da continuidade, o que seria uma aprovação a seu governo - do qual os sociais-democratas fazem parte. "No passado, nem sempre o SPD falava de minha gestão de forma positiva", alfinetou a premiê, que deixará a política após 16 anos de governo. Essa será a primeira vez desde 1949 que um primeiro-ministro em atividade não está concorrendo, o que torna a eleição deste ano mais imprevisível segundo analistas.

Candidatos a premiê na Alemanha

Olaf Scholz
Idade: 62
Partido: Social-democratas (SPD)
Cargo atual: vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças
Carreira: Advogado, é ex-prefeito de Hamburgo de 2011 a 2018 e integra o governo Merkel desde então
Pontos fortes:
  • É o mais experiente em nível nacional
  • Montou rapidamente pacote de resgate financeiro a vítimas das inundações
  • Seu perfil é visto como próximo do de Merkel, o que pode atrair os simpatizantes da primeira-ministra
  • Alta lealdade entre os apoiadores de seu partido: 80% marcariam o nome do ministro na cédula, se pudessem, segundo pesquisa
Pontos fracos:
  • Políticos mais à direita o acusam de ser esquerdista
  • Tem pouco carisma
Armin Laschet
Idade: 60
Partido: União Democrática Cristã (CDU)
Cargo atual: governador da Renânia do Norte-Vestfália, maior estado alemão
Carreira: formado em Direito, trabalhou como jornalista até os primeiros anos de sua carreira política; foi deputado alemão e europeu e secretário de Gerações, Família, Mulheres e Integração e Assuntos Federais, Europa e Mídia na Renânia do Norte-Vestfália, estado que hoje governa
Pontos fortes:
  • Tem experiência administrativa
  • Lidera o partido da popular primeira-ministra, Angela Merkel, e é o candidato mais próximo de eleitores conservadores
  • Venceu uma eleição interna difícil para se tornar o candidato da União
Pontos fracos:
  • Representa a continuidade
  • Enfrenta resistência entre seus correligionários: só 38% dos partidários da CDU dizem que o escolheriam se o premiê fosse eleito diretamente, segundo pesquisa
  • Sua imagem foi arranhada após as enchentes de julho
  • Programa de governo é criticado por ser vago
Annalena Baerbock
Idade: 40
Partido: Verdes
Cargo atual: copresidente do partido
Carreira: formada em Ciência Política e Direito Público, começou a vida política como assessora no Parlamento Europeu, em 2005; é deputada desde 2013 e copresidente do Partido Verde alemão desde 2018
Pontos fortes:
  • É a única mulher na disputa
  • É vista como dinâmica e determinada
  • Representa uma mudança após décadas de governos da União e do SPD
  • Plataforma de governo é vista como mais concreta
  • Bateu o recorde de apoio em eleição para copresidente do partido, com 97,1% dos votos
Pontos fracos:
  • Sem experiência de gestão
  • Foi acusada de plágio e de ter inflado o currículo, o que elevou a rejeição a seu nome. Entre os apoiadores dos Verdes, 57% dizem que votariam nela para primeira-ministra, segundo pesquisa
  • Adversários dizem que política ambiental dos Verdes vai elevar o custo de vida
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