O novo chefe do gabinete de ministros responde a um processo por suposta "apologia ao terrorismo", por fazer elogios à ação do grupo guerrilheiro Sendero Luminoso, que trouxe horror e violência ao Peru nos anos 1980 e 1990. Ugarte também é famoso por frases homofóbicas e por afirmar, por exemplo, que os homossexuais deveriam deixar o país.
Francke vem assessorando Pedro Castillo desde a campanha eleitoral. O economista, formado na Pontifícia Universidade Católica do Peru, auxiliou políticos da esquerda moderada, como a ex-candidata Verónika Mendoza.
Em várias entrevistas, Francke afirmou que Castillo deve seguir o modelo do Uruguai, nos anos de governo da esquerdista Frente Ampla, com Tabaré Vázquez e Mujica (2005-2020). No período, o país adotou políticas econômicas pragmáticas que mantiveram o crescimento sustentável do país durante os 15 anos, ao mesmo tempo em que estenderam as políticas de proteção social aos mais humildes.
Francke não é a favor de estatizações nem de mudanças nos pilares da economia atual do país. Um de seus pedidos a Castillo, nos últimos dias, foi o de que o presidente do partido Perú Libre, Vladimir Cerrón, deixasse de criticá-lo publicamente. Em postagens em suas redes sociais, Cerrón afirmou que Francke não tinha a mesma linha ideológica do partido e estava mais alinhado aos "chicago boys", que apontariam para "uma política econômica que já falhou em tantos países".
A negociação teve efeito. Na noite de sexta-feira, Cerrón deu seu apoio, lançando a seguinte mensagem: "Pedro Francke tem todo o nosso apoio para aplicar a política econômica de estabilidade expressada no plano Bicentenário sem Corrupção".
A Torres, custou mais o fato de Ugarte ser tão duro em suas posições sobre diversidade sexual e contra políticas de direitos a minorias. Acabou aceitando depois que Castillo o convenceu de que Ugarte não terá influência em seu trabalho e que apoiará medidas neste setor. Castillo é um conservador nessas áreas e está contra o aborto, o matrimônio homossexual e a eutanásia, mas afirma que estes temas devem ser tratados no Parlamento.