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Internacional

- Publicada em 26 de Julho de 2021 às 20:50

Congresso da França aprova restrições de Macron a não vacinados

França já exige certificado de saúde para frequentar bares, restaurantes e outros lugares públicos

França já exige certificado de saúde para frequentar bares, restaurantes e outros lugares públicos


ALAIN JOCARD/AFP/JC
Com um acordo fechado após três dias de debate no Congresso, a França entrou na madrugada desta segunda-feira (26) para a lista de países europeus que restringem atividades para os não totalmente vacinados contra Covid-19 - ou, em alguns casos, para os que não apresentarem ao menos um teste negativo. As restrições, já adotadas em Portugal, Itália, Grécia, Malta e Dinamarca e em alguns estados alemães, tentam conter o avanço da variante Delta.
Com um acordo fechado após três dias de debate no Congresso, a França entrou na madrugada desta segunda-feira (26) para a lista de países europeus que restringem atividades para os não totalmente vacinados contra Covid-19 - ou, em alguns casos, para os que não apresentarem ao menos um teste negativo. As restrições, já adotadas em Portugal, Itália, Grécia, Malta e Dinamarca e em alguns estados alemães, tentam conter o avanço da variante Delta.
A variante Delta já é dominante na Europa. O mutante aparece em 100% dos sequenciamentos feitos na Inglaterra, mais de 90% na Espanha, em Portugal e na Itália, 83% das amostras alemãs e 66% das francesas, segundo dados desta segunda.
O texto aprovado na França torna a vacinação obrigatória para profissionais de saúde - os que se recusarem terão o salário suspenso. Também exige um certificado de saúde (vacinação completa ou teste negativo para coronavírus) para frequentar bares, restaurantes e outros lugares públicos - empresas que não cobrarem o comprovante podem perder a licença de funcionamento.
Prefeituras poderão impor a exigência também em centros comerciais e, a partir de 30 de setembro, a regra valerá inclusive para adolescentes de 12 a 17 anos. O objetivo é combater a transmissão da variante Delta de duas formas: reduzindo os contatos e incentivando a imunização, desacelerada nas últimas semanas pela menor adesão dos mais jovens e pelo ativismo antivacinas.
Mesmo antes de aprovado pelo Congresso, o plano anunciado por Macron já havia feito dobrar a procura por imunização, efeito que também aconteceu na Itália, onde medida semelhante foi anunciada na semana passada. "A variante delta é ainda mais ameaçadora do que as outras, e, sem vacinas, tudo terá que fechar novamente", disse o primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi, ao justificar a iniciativa.
Segundo pesquisadores da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, o mutante é cerca de 60% mais transmissível que a variante Alfa, que, por sua vez, é 60% mais transmissível do que o coronavírus original, identificado na China.
Isso quer dizer que, enquanto 10 pessoas infectadas com o vírus original poderiam passá-lo a outras 25, quem contrai a variante Delta pode transmiti-la a mais de 60 pessoas, dizem os cientistas, uma capacidade de contágio que é mais que o dobro da registrada no início da pandemia.
É por isso que os governos querem incentivar a imunização dos mais jovens, justamente os que mais circulam e, por isso, aceleram a transmissão. São eles também os que menos completaram as doses necessárias de vacina.
A porcentagem de vacinação completa na faixa etária de 18 a 24 anos varia muito na Europa, segundo o ECDC (centro de controle de doenças). Chega a 70% na Dinamarca e na Bélgica, mas só a 12% em Portugal e a 23% na Espanha. Na França, 56% dos jovens desse intervalo tomaram todas as doses, e são eles justamente os que mais rejeitam as restrições impostas pelo governo.
De acordo com uma pesquisa do instituto Ifop publicada no final de semana, 51% dos que têm menos de 35 anos (contra 35% na média dos franceses) apoiaram protestos contra o plano de Macron, que reuniram mais de 160 mil pessoas neste final de semana.
Na Inglaterra, o primeiro-ministro Boris Johnson levantou na semana passada a hipótese de pedir prova de vacinação para a entrada em casas noturnas, mas houve reação principalmente do Partido Conservador, do qual ele faz parte.
A Itália, que tem uma porcentagem semelhante à do Reino Unido de jovens totalmente vacinados (56% entre os italianos, 58% entre os britânicos), nem reabriu as boates.
Pelo novo plano de Draghi, a partir de 5 de agosto a entrada em estádios, museus, teatros, cinemas, centros de exposições, piscinas, ginásios e bares e restaurantes fechados só será permitida com o "passe verde". O governo deve reavaliar em setembro uma proposta de exigir o certificado para viagens dentro do país, por trem, avião ou ônibus.
Uma das populações mais atingidas pela primeira onda de Covid, os italianos têm resistido menos a novas restrições. O que não elimina protestos, principalmente da ultradireita. Giorgia Meloni, líder do partido eurocético e anti-imigração Irmãos da Itália, acusou Draghi de "enterrar o setor de turismo", e Matteo Salvini, líder do nacionalista Liga (e no momento integrante do governo), afirmou que o passe faz sentido em estádios, mas não em restaurantes.
A ultradireita é também a voz antivacina mais estridente na França, principalmente nas campanhas de Florian Phillipot, ex-conselheiro de Marine Le Pen, líder do Reunião Nacional. Na Alemanha, o combate à vacina é assumido pela agremiação AfD (Alternativa para a Alemanha).
Na federação governada pela primeira-ministra Angela Merkel, essa decisão costuma ser tomada em nível estadual: alguns exigem atestado de vacinação ou teste negativo para coronavírus apenas na entrada de grandes eventos, enquanto outros restringem também o acesso a bares e restaurantes.
Mas também na Alemanha a questão ganhou contornos políticos nacionais, a poucas semanas das eleições parlamentares que vão definir em setembro o próximo premiê.
No domingo (25), Helge Braun, chefe de gabinete de Merkel, pôs lenha na fogueira ao afirmar que, "se a incidência for alta, as pessoas não vacinadas podem ter que reduzir seus contatos". Segundo ele, isso significaria que "o acesso a locais como restaurantes, cinemas ou estádios não seria mais possível para não vacinados, mesmo com teste negativo".
Braun ressaltou que o número de novos casos de Covid cresce 60% por semana atualmente. "Se a variante Delta continuar a se espalhar nessa taxa e não a contivermos com vacinação ou mudança de comportamento, vamos chegar a setembro com 100 mil novos casos por dia", afirmou.
O país não divulga dados de vacinação para quem tem de 18 a 24 anos. Na faixa mais ampla, de 18 a 64 anos, menos da metade (48,8%) haviam tomado todas as doses necessárias de imunizante - em geral, a porcentagem cai entre os mais jovens.
A Espanha também não adotou regras nacionais, mas na Galícia é preciso apresentar certificado de imunização completa ou teste negativo para frequentar restaurantes ou hotéis. Medida semelhante foi adotada pela Irlanda nesta segunda.
Já a Grécia deu um passo além na semana passada e permitiu que o governo amplie a lista de profissões para as quais a vacinação é compulsória - por enquanto, funcionários do setor de saúde ou de residências de idosos devem se imunizar, e os que se recusarem são suspensos.
Na Bélgica, o certificado de vacinação será exigido em eventos acima de 1.500 participantes, a partir de 13 de agosto.
De forma geral, a maioria dos 30 integrantes da União Europeia e do Espaço Econômico Europeu não adota vacinação compulsória, nem mesmo para doenças que podem comprovadamente matar crianças. Segundo levantamento da UE, 12 nações exigem a imunização contra algumas doenças - a relação varia entre eles.
Também não há consenso sobre qual política é mais eficiente: há membros com altas taxas de cobertura tanto entre os de vacinação voluntária quanto nos de compulsória. Há países que adotam recompensas financeiras para pais ou profissionais de saúde que realizarem a imunização, ou sanções financeiras e restrições a matrículas para os que não se vacinaram.
A Organização Mundial da Saúde diz preferir "demonstrar o benefício e a segurança das vacinas, para sua maior aceitação possível, em vez de impor requisitos obrigatórios".
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