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Internacional

- Publicada em 17 de Julho de 2021 às 07:51

EUA não reconhece que suas políticas contribuíram para a crise em Cuba, afirma especialista da American University

Cidadão cubanos na Costa Rica protestam contra o regime

Cidadão cubanos na Costa Rica protestam contra o regime


EZEQUIEL BECERRA/AFP/JC
Em quase seis meses como presidente, o norte-americano Joe Biden não alterou substancialmente a política dos EUA para Cuba, nem deve fazer mudanças tão cedo. A avaliação é do especialista e professor da American University William LeoGrande, um dos coautores do livro Back Channel to Cuba: The Hidden History of Negotiations between Washington and Havana.
Em quase seis meses como presidente, o norte-americano Joe Biden não alterou substancialmente a política dos EUA para Cuba, nem deve fazer mudanças tão cedo. A avaliação é do especialista e professor da American University William LeoGrande, um dos coautores do livro Back Channel to Cuba: The Hidden History of Negotiations between Washington and Havana.
Na semana que passou, manifestações foram realizadas em várias cidades e vilas de Cuba - e também em Miami, no Peru e na Costa Rica -, nas maiores demonstrações de sentimento antigoverno visto desde 1994. As ações da população são resultado da pior crise econômica em décadas, causada pelo coronavírus - a ilha está no pior momento da pandemia - e pelas sanções dos EUA impostas pelo governo do presidente Donald Trump. Como resposta, na terça-feira (13), Cuba amanheceu sem internet móvel e com uma forte presença policial nas vias de Havana.
Em entrevista ao Estadão, o especialista em política norte-americana para a América Latina LeoGrande diz que com maior acesso à internet, as redes sociais se tornaram um instrumento de mobilização no mundo real.
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William LeoGrande é especialista e professor da American University. FOTO: American University/reprodução/JC
O que explica os protestos?
Willian LeoGrande - A principal razão é o desespero econômico. Há carência de alimentos, medicamentos, eletricidade e combustível. O governo cubano está basicamente quebrado, não tem mais fontes de moeda estrangeira. A pandemia acabou com a indústria do turismo, o governo Trump cortou as remessas dos cubano-americanos, os embarques de petróleo venezuelano caíram 50%, por causa dos problemas na Venezuela. Todas as principais fontes de moeda estrangeira de Cuba estão bloqueadas agora. E, assim, o governo não consegue importar alimentos, remédios e combustível. Acrescente a isso, é claro, a própria pandemia. Cuba tinha feito um bom trabalho na contenção do vírus. Fecharam a ilha completamente no ano passado, tinham medidas de quarentena obrigatórias muito restritas para pessoas com teste positivo. E como eles têm um sistema de saúde preventivo, puderam fazer o rastreamento de contatos. As coisas estavam relativamente bem, sob controle, e começaram a se abrir novamente. Agora, a variante Delta foi detectada e há propagação comunitária, sem que o sistema de saúde tenha recursos para lidar com isso.
Qual o papel do maior acesso à internet nesse processo?
LeoGrande - Por muito tempo, os cubanos tiveram pouco acesso à internet, por razões econômicas e políticas. Mas, nos últimos anos, a disponibilidade se expandiu muito rapidamente. Em Cuba, onde as associações voluntárias independentes não são legais, as redes sociais tomaram esse lugar e se tornaram um instrumento de mobilização para a ação no mundo real.
Como o senhor vê a política do presidente Biden para Cuba?
LeoGrande - Até agora, o governo de Joe Biden não fez absolutamente nada. Eles deixaram todas as sanções de Trump em vigor. O Departamento de Estado disse que aplaude os cubanos por tentarem ajudar uns aos outros. Ainda assim, os Estados Unidos mantêm de pé a proibição de remessas que impede os cubanos-americanos de ajudarem suas famílias na ilha. Simplesmente não faz sentido. Sobre as manifestações, o governo Biden disse o que já se esperava: que apoia o povo cubano e pede que o governo não use força contra manifestantes pacíficos. É perfeitamente compreensível, mas não há reconhecimento por parte do governo de que suas políticas contribuíram para a crise que está ocorrendo.
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