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Europa

- Publicada em 23 de Junho de 2021 às 18:47

Europa pode chegar ao fim do verão com 90% dos casos da variante delta do coronavírus

Na França, variante originada na Índia ainda não chega a 10% dos casos

Na França, variante originada na Índia ainda não chega a 10% dos casos


BERTRAND GUAY/AFP/JC
A variante delta (indiana), versão mais contagiosa do Sars-Cov-2, pode se alastrar pela Europa continental se os países não acelerarem sua vacinação e reforçarem cuidados contra o contágio, afirmou nesta quarta-feira (23) o centro de controle de doenças infecciosas europeu (ECDC).
A variante delta (indiana), versão mais contagiosa do Sars-Cov-2, pode se alastrar pela Europa continental se os países não acelerarem sua vacinação e reforçarem cuidados contra o contágio, afirmou nesta quarta-feira (23) o centro de controle de doenças infecciosas europeu (ECDC).
Identificada primeiramente na Índia, a variante delta se espalhou no Reino Unido - que acabou adiando fim das restrições - e já aparece hoje em 98% dos casos sequenciados, embora o país tenha desde janeiro assumido a dianteira na imunização. Nesta quarta, só 19% dos adultos britânicos não haviam recebido ainda nenhuma dose de vacina; quase 60% tomaram as duas.
No cálculo do ECDC, a variante delta pode representar 70% dos novos casos de Covid-19 até o fim de julho e 90% até o fim de agosto, se não houver medidas adicionais. Isso acontece pela combinação de um mutante até 60% mais contagioso que o alfa (identificado na Inglaterra) e seria facilitado pela maior circulação e proximidade entre as pessoas no verão.
A maioria dos países da UE retirou restrições anticontágio, ao mesmo tempo em que a linhagem cresceu exponencialmente, mas em porcentagens bastante diversas. Em Portugal, por exemplo, destino turístico muito procurado pelos britânicos, o governo afirma que a delta é identificada em mais de 60% dos sequenciamentos feitos em Lisboa e no Vale do Tejo. De acordo com os dados portugueses, o número de novos casos diários mais que dobrou, de 500 em maio - quando as fronteiras foram abertas para viajantes britânicos - para mais de 1.000 em meados de junho.
Na Itália, calcula-se que a porcentagem supere 20%, enquanto na França ainda não tenha chegado a 10%. Esses números, porém, não são bons indicativos da presença da variante, porque a quantidade e regularidade dos sequenciamentos não é uniforme.
O temor de uma nova onda de infecções fez Portugal "levar uma bronca" na terça-feira (22) de Angela Merkel, primeira-ministra da Alemanha - país cujos cidadãos também costumam lotar praias portuguesas durante o verão. Ela chamou de "tiro pela culatra" a falta de coordenação entre os países da UE na reabertura para turistas.
"Agora temos uma situação em Portugal que talvez pudesse ter sido evitada, e é por isso que temos que trabalhar ainda mais duro nisso", disse a líder alemã em entrevista após evento de aprovação do plano de recuperação econômica pós-pandemia.
A liberação para turistas do Reino Unido - que também foi adotada por Espanha, Croácia e Grécia, por exemplo -, ocorreu à revelia das orientações centrais da Comissão Europeia. O país não fazia parte da lista branca para viagens não essenciais nem foi incluído na mais recente ampliação.

Risco de hospitalização entre infectados pela variante delta pode ser o dobro do que ocorria com a alfa

Preocupação é principalmente com os mais jovens, que estavam no final da fila de prioridades

Preocupação é principalmente com os mais jovens, que estavam no final da fila de prioridades


GAIZKA IROZ/AFP/JC
Nos cálculos feitos pelo ECDC, "qualquer relaxamento durante os meses de verão poderia levar a um aumento rápido e significativo nos casos diários em todas as faixas etárias, com um aumento associado nas hospitalizações e mortes, potencialmente atingindo os mesmos níveis do outono de 2020".
Embora resultados preliminares mostrem que as vacinas são eficazes contra casos mais graves provocados pela variante delta, a diretora do centro, Andrea Ammon, disse que há risco de hospitalização para quem não completou as doses necessárias. Pelos dados mais recentes, 33,9% dos adultos estão totalmente vacinados e outros 24,8%, parcialmente, na média de 30 países do continente europeu.
A preocupação é principalmente com os mais jovens, que estavam no final da fila de prioridades: os dados do Reino Unido mostram que eles são as principais vítimas da variante no momento. "É muito provável que a variante Delta circule amplamente durante o verão, especialmente entre os jovens. Isso eleva o risco de transmissão e doenças graves e mortes dos mais vulneráveis", afirmou Ammon.
Estudos feitos no Reino Unido indicaram que o risco de hospitalização entre infectados pela variante delta pode ser o dobro do que ocorria com a alfa - um dos motivos pelos quais a Inglaterra adiou a retirada total de restrições à circulação e ao contato entre pessoas.
As variantes não deveriam provocar tanta preocupação se os governos levassem a sério medidas básicas e já comprovadas para evitar a transmissão, afirmou na segunda-feira (21) a Organização Mundial da Saúde (OMS). A entidade recomenda um programa de testes para identificar contágio, rastreamento de contatos e isolamento dos contaminados, além de distanciamento físico, uso de máscara e higiene das mãos.