A China provocou espanto nos últimos dias com a quantidade de vacinas contra a Covid-19 aplicadas em sua população. Na semana passada, de domingo, dia 16, até o último sábado, dia 22, a média diária de doses aplicadas chegou aos 14,9 milhões, segundo dados compilados pelo projeto Our World in Data, da Universidade de Oxford (Reino Unido).
Dos 497 milhões de vacinas administradas na China desde o início do esforço de imunização contra o coronavírus, em 15 de dezembro do ano passado, 46% ocorreram apenas neste mês.
Na última semana, o país chegou ao recorde de 17,2 milhões de doses aplicadas na quinta-feira. Isso corresponde, em um único dia, a 30% de todas as doses de vacina administradas no Brasil desde 17 de janeiro, quando a primeira pessoa recebeu imunização no país.
Em breve, afirmam autoridades chinesas, o país deve romper a marca dos 20 milhões de vacinados por dia.
Com a pandemia de Covid-19 em patamares baixos em comparação com o resto do mundo, a China vinha adotando uma atitude de certa complacência com relação à vacinação, embora seja um dos principais centros mundiais de fabricação dos imunizantes.
O país vinha priorizando a chamada "diplomacia da vacina", destinando grande parte de sua produção à exportação, para cerca de 100 países. Além de dividendos econômicos, essa estratégia valoriza a imagem internacional chinesa.
Até 19 de maio, haviam sido vendidos a mercados externos 300 milhões de doses, seja em vacinas prontas ou matéria-prima, conhecida pela sigla IFA (Insumo Farmacêutico Ativo).
O cenário agora mudou, e pode ter reflexos no Brasil. A nova corrida chinesa para vacinar sua população coincide com a disseminação de variantes da doença, sobretudo a que tem origem na Índia.
Além disso, houve aumento expressivo das taxas de contágios no sul e sudeste asiáticos, regiões com laços estreitos de comércio com os chineses. No Vietnã, por exemplo, o número de casos de Covid-19 subiu 75% em maio. O crescimento chegou a 84% no Camboja e 93,5% na Tailândia.
A meta da China é vacinar com duas doses 1 bilhão de pessoas até o final do ano.