Autoridades de aviação europeias orientaram, nesta segunda-feira (24), as companhias aéreas que trafegam pela União Europeia (UE) a evitar o espaço aéreo de Belarus, depois de o governo de Alexander Lukashenko interceptar um avião da RyanAir que ia da Grécia para a Lituânia para prender um jornalista crítico ao regime. A UE ainda estuda a aplicação de sanções contra a ex-república soviética.
O governo britânico orientou sua agência de aviação civil a evitar o espaço aéreo de Belarus. Medidas similares foram tomadas por Letônia e Lituânia, dois países vizinhos que abrigam dissidentes do regime de Belarus.
A Eurocontrol, a agência de tráfego aéreo da UE, informou que está trabalhando com as companhias aéreas que viajam pelo Leste europeu para evitar voar sobre o país. Entre as possíveis sanções, autoridades europeias estudam banir a Belavia, a companhia aérea estatal de Belarus, de trafegar pela UE.
Roman Protasevich, um jornalista de oposição que teve papel-chave nos protestos do ano passado contra Lukashenko, foi detido pouco depois do pouso em Minsk, junto da namorada. A passageiros que estavam no voo, ele disse temer por sua vida antes de ser levado por oficiais do serviço secreto bielorusso.
Quando o avião da Ryanair se aproximava do Aeroporto de Vilna, ainda em espaço aéreo bielorusso, foi orientado a desviar para Minks em virtude de uma suposta ameaça de bomba. A aeronave foi escoltada por caças MIG-29 da Força Aérea. Nada foi encontrado a bordo.
A Belavia opera 419 voos para países da UE por semana, para 21 cidades, desde a Finlândia até o Chipre. A empresa teve sua licença para operar no Reino Unido caçada nesta segunda-feira.
A pressão internacional contra Lukashenko aumentou ao longo do dia. O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, chamou o episódio de ultrajante e pediu a libertação de Pratasevich. Em Bruxelas, a Comissão Europeia convocou o embaixador bielorusso e condenou a apreensão do avião. Já o premiê checo Andrej Babis chamou a retenção do avião de "terrorismo estatal". O CEO da Ryanair, Michel O'Leary classificou o episódio como "pirataria estatal".