Sob o lema "Pelo Peru Keiko não vai", em Lima a marcha foi realizada pacificamente com milhares de pessoas usando máscaras e agitando faixas com slogans contra a candidata e seu pai, o ex-ditador Alberto Fujimori, que esteve no poder de 1990 a 2000. A marcha começou à tarde na Plaza San Martín, epicentro dos protestos do país, e percorreu o centro histórico da cidade até antes do toque de recolher, em vigor às 21h devido à pandemia de coronavírus.
Os familiares das vítimas de violações dos direitos humanos durante o governo de Alberto Fujimori estavam na primeira fila. Também compareceram centenas de jovens que consideram o fujimorismo parte de uma classe política corrupta, que incendiou o país nas últimas três décadas.
"Fujimori nunca mais! É por isso que vim marchar, pela dignidade, pelo meu futuro, pelo futuro dos meus filhos, pelo futuro das outras gerações, é por isso que venho marchar, porque me sinto indignado com tanta corrupção, por tantas décadas sendo roubado e saqueado", disse à AFP um manifestante que se identificou como Roberto.
PPK, como Kuczynski é conhecido, renunciou em 2016. Seu sucessor, Martín Vizcarra, foi afastado em novembro de 2020 após enfrentar dois processos de impeachment, também sob a acusação de recebimento de propina, o que o enquadraria na categoria de "incapacidade moral", impedindo a continuidade no cargo. Na sequência, assumiu, por apenas seis dias, o congressista Manuel Merino de Lama, que renunciou depois dos episódios de violência que vieram na esteira da crise institucional.
No primeiro turno, Keiko obteve 13,4% dos votos, atrás de Castillo, com 18,9%. Para o segundo turno, ele também leva vantagem, segundo as últimas pesquisas de intenção de voto. Um levantamento publicado neste domingo (23) indica que 44,8% dos entrevistados pretendem votar em Castillo; para Keiko, a parcela é de 34%.
A sondagem foi realizada pelo Instituto de Estudos do Peru (IEP), a pedido do jornal La Republica, com 1.208 pessoas nos dias 20 e 21 de maio e teve uma margem de erro de 2,8 pontos percentuais. A pesquisa também indicou que 13% pretendem votar em branco ou anular seu voto em 6 de junho.
Sindicalista e professor do ensino médio, Castillo ficou conhecido nacionalmente ao liderar greves de docentes, a mais famosa delas em 2017. Candidato da aliança Perú Libre, ele defende maiores salários aos empregados do setor da educação. Tem um discurso anticorrupção e propõe dissolver o Tribunal Constitucional e a Constituição de 1993 - segundo ele, responsáveis por permitir práticas irregulares.