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Internacional

- Publicada em 11 de Março de 2021 às 11:15

Repressão deixa mais 8 mortos em Mianmar, enquanto militares falam em 'democracia autêntica'

Militares mantêm o argumento de que a polícia e o Exército vêm agindo com 'extrema moderação'

Militares mantêm o argumento de que a polícia e o Exército vêm agindo com 'extrema moderação'


STR/AFP/JC
O porta-voz da junta militar que assumiu o poder em Mianmar após o golpe de Estado em 1º de fevereiro disse nesta quinta-feira (11) que o país caminha para uma "democracia autêntica" e que a comunidade internacional não tem com o que se preocupar, a despeito dos milhares de pessoas que têm ido às ruas contra as Forças Armadas.
O porta-voz da junta militar que assumiu o poder em Mianmar após o golpe de Estado em 1º de fevereiro disse nesta quinta-feira (11) que o país caminha para uma "democracia autêntica" e que a comunidade internacional não tem com o que se preocupar, a despeito dos milhares de pessoas que têm ido às ruas contra as Forças Armadas.
Enquanto isso, ao menos oito pessoas foram mortas pelas forças de segurança enquanto protestavam contra a ditadura, elevando o número de vítimas para mais de 60, de acordo com levantamento da Associação de Assistência a Presos Políticos de Mianmar.
Os militares mantêm o argumento de que a polícia e o Exército vêm agindo com "extrema moderação" ao lidar com o o que eles descrevem como "manifestantes rebeldes". Em suas versões, são os participantes dos protestos que têm atacado a polícia com o objetivo de prejudicar a segurança e a estabilidade nacional.
Entidades de defesa de direitos humanos e relatos de testemunhas, no entanto, contam uma história diferente. A Anistia Internacional acusa os militares de usarem táticas de batalha e força letal contra civis desarmados "de forma planejada, premeditada e coordenada". Para a entidade, as mortes de manifestantes são execuções extrajudiciais.
"Estas não são ações de oficiais sobrecarregados tomando decisões ruins", disse Joanne Mariner, diretora de resposta a crises da Anistia Internacional. "São comandantes que não demonstram arrependimento, já implicados em crimes contra a humanidade, deslocando suas tropas e seus métodos assassinos abertamente."
O general Zaw Min Tun, porta-voz da junta militar, afirmou em entrevista coletiva nesta quinta que as forças de segurança agiram com disciplina e usaram a força apenas quando necessário.
Segundo ele, os países ocidentais --que acumulam críticas aos atos dos militares mianmarenses-- estão fazendo suposições incorretas, e os protestos, que são diários há mais de um mês, não configuram uma situação que deva preocupar a comunidade internacional.
Zaw Min Tun também fez novas acusações contra a líder civil de Mianmar deposta no dia do golpe, Aung San Suu Kyi. De acordo com o general, ela recebeu pelo menos US$ 600 mil (R$ 3,4 milhões) e 11 quilos de ouro em subornos enquanto estava no governo.
A conselheira de Estado responde por quatro acusações criminais. As duas primeiras, apresentadas ainda na semana do golpe, foram de importação ilegal de seis walkie-talkies e de uma suposta violação dos protocolos de combate à propagação do coronavírus.
As outras duas, formalizadas no início deste mês, são por ter supostamente violado uma lei de telecomunicações que estipula licenças para equipamentos, e outra por publicar informações que podem "causar medo ou alarme", prática vetada pelo código penal que data do período colonial.
Ainda de acordo com o porta-voz dos militares, o presidente Win Myint, também deposto e detido após a tomada de poder pelo Exército, e vários de seus ministros também se envolveram em casos de corrupção. Myint, inclusive, teria pressionado a comissão eleitoral do país a se omitir em relação a irregularidades apontadas pelos militares no último pleito.
A Liga Nacional pela Democracia (LND), partido de Suu Kyi e Myint, obteve 83% dos votos e conquistou 396 dos 476 assentos no Parlamento nas eleições realizadas em novembro do ano passado em Mianmar. A legenda, entretanto, foi impedida de assumir quando o golpe foi aplicado no dia da posse da nova legislatura. O Partido da União Solidária e Desenvolvimento, apoiado pelos militares, obteve apenas 33 cadeiras.
O Exército vem tentando usar supostas acusações de fraude no pleito como justificativa para a tomada de poder. Os militares também acrescentaram à narrativa o argumento de que a comissão eleitoral do país usou a pandemia de coronavírus como pretexto para impedir a realização de uma campanha justa. Dizem ainda que agiram de acordo com a Constituição e que a maior parte da população apoia sua conduta, acusando manifestantes de incitarem a violência.
Nesta quarta-feira (10), os 15 países-membros do Conselho de Segurança da ONU chegaram a um consenso para condenar a violência e pedir moderação às Forças Armadas, mas retiraram a classificação da tomada de poder como um golpe devido à oposição ao uso do termo pela China, Rússia, Índia e Vietnã.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse esperar que a declaração do conselho leve os militares a perceber que é "absolutamente essencial" que todos os prisioneiros sejam libertados e que os resultados das eleições de novembro sejam respeitados.
Os Estados Unidos anunciaram pouco depois o congelamento de quaisquer bens que os dois filhos do chefe da junta militar de Mianmar, o general Min Aung Hlaing, possam ter em território americano. A medida, segundo o governo de Joe Biden, é "uma resposta ao golpe" e à "matança brutal de manifestantes pacíficos".
Folhapress
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