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América Latina

- Publicada em 04 de Março de 2021 às 20:52

Pandemia de coronavírus eleva pobreza na América Latina em 2020

Pobreza em zonas rurais ficou mais exacerbada com a Covid-19

Pobreza em zonas rurais ficou mais exacerbada com a Covid-19


/INTI OCON/AFP/JC
A pandemia da Covid-19 levou ao aumento dos índices de pobreza e de pobreza extrema na América Latina no ano passado. De acordo com o relatório Panorama Social da América Latina 2020, divulgado nesta quinta-feira (4) pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), a taxa de pobreza extrema atingiu 12,5% da população e a de pobreza, 33,7%. Em 2021, o cenário pode manter-se.
A pandemia da Covid-19 levou ao aumento dos índices de pobreza e de pobreza extrema na América Latina no ano passado. De acordo com o relatório Panorama Social da América Latina 2020, divulgado nesta quinta-feira (4) pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), a taxa de pobreza extrema atingiu 12,5% da população e a de pobreza, 33,7%. Em 2021, o cenário pode manter-se.
Isso significa que o total de pessoas pobres chegou a 209 milhões no fim do ano passado, 22 milhões a mais do que em 2019. Desse total, 78 milhões de pessoas estavam em situação de extrema pobreza, 8 milhões a mais do que no ano anterior. Os números são os piores registrados nos últimos 12 e 20 anos, respectivamente, e também estão associados a uma piora dos índices de desigualdade na região e nas taxas de ocupação e participação no mercado de trabalho, sobretudo das mulheres.
Segundo a secretária executiva da Cepal, Alicia Bárcena, o relatório não é apenas uma análise anual sobre o impacto da pandemia na América Latina, mas também uma avaliação do que aconteceu no ano passado e como isso repercutiu na região.
Entre as regiões em desenvolvimento no mundo, a América latina é a mais afetada pela pandemia. A região, que concentra 8,4% da população mundial (654 milhões de pessoas), registrou 27,8% (507 mil) das mortes por Covid-19 no mundo no ano passado.
"A pandemia, sem dúvida, aprofundou os problemas estruturais (da América Latina), com altos níveis de informalidade, desproteção social, baixo nível de produtividade e deixando descobertos nós críticos em saúde e educação e cuidados", disse Alicia. Ela destacou a urgência de se avançar na região para um estado de bem-estar com proteção social, integral e sustentável, com base em um novo pacto social.
O relatório ressalta que a adoção de medidas de proteção social, como o auxílio emergencial no Brasil, ajudou a evitar um maior aumento da pobreza e a pobreza extrema na região. A Cepal destaca que a implementação de 263 medidas de proteção social de emergência nos países da região em 2020 atingiram cerca de 84 milhões de domicílios ou 326 milhões de pessoas, o que representa 49,4% da população latino-americana. Sem medidas protetivas, a incidência da extrema pobreza teria atingido 15,8% e a da pobreza, 37,2%.
Conforme a Cepal, a América Latina registrou no ano passado queda de 7,7% no Produto Interno Bruto (PIB). A retração trouxe forte impacto nas empresas, com fechamento de 2,7 milhões de empreendimentos e, consequentemente, no mercado de trabalho.
Em 2020, a taxa de desocupação regional situou-se em 10,7%, o que representa aumento de 2,6 pontos percentuais em relação ao total registrado em 2019, quando ficou em 8,1%.

Lacunas estruturais estão em maior evidência

Na avaliação da Cepal, a pandemia evidenciou ainda mais a persistência da pobreza em determinados grupos populacionais, especialmente nas zonas rurais, como crianças e adolescentes, indígenas e afrodescendentes, além da população com mais baixos níveis de educação. "Não há dúvida de que os custos da desigualdade se tornaram insustentáveis e que é necessário reconstruir com igualdade e sustentabilidade, apontando para a criação de um Estado de bem-estar, tarefa há muito adiada na região", disse Alicia.
Segundo a Cepal, a proteção social universal deve ser o pilar central desse Estado de bem-estar. A comissão recomenda medidas como a continuidade das transferências de emergência e a garantia de uma renda básica universal no médio e longo prazos.