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Internacional

- Publicada em 01 de Março de 2021 às 22:46

Trump reaparece em público e insinua que tentará retornar à Casa Branca em 2024

O plano de Trump é continuar sugando o oxigênio no território republicano e impedir a emergência de candidatos à eleição de 2024

O plano de Trump é continuar sugando o oxigênio no território republicano e impedir a emergência de candidatos à eleição de 2024


JOE RAEDLE/GETTY IMAGES NORTH AMERICA/JC
Após mais de cinco semanas sem falar em público, o ex-presidente norte-americano Donald Trump deu a entender neste domingo (28) que tentará voltar à presidência em 2024. "Eles (democratas) perderam a Casa Branca em novembro. E quem sabe, quem sabe, posso decidir derrotá-los pela terceira vez", afirmou em discurso de encerramento da reunião da Cpac, sigla em inglês para Conferência de Ação Política Conservadora, em Orlando, na Flórida.
Após mais de cinco semanas sem falar em público, o ex-presidente norte-americano Donald Trump deu a entender neste domingo (28) que tentará voltar à presidência em 2024. "Eles (democratas) perderam a Casa Branca em novembro. E quem sabe, quem sabe, posso decidir derrotá-los pela terceira vez", afirmou em discurso de encerramento da reunião da Cpac, sigla em inglês para Conferência de Ação Política Conservadora, em Orlando, na Flórida.
O republicano não fazia um discurso público desde que partiu da Casa Branca para seu resort de Mar-a-Lago, na Flórida, em 20 de janeiro - um hiato desse não ocorria havia cinco anos. Lotado, o evento no Hotel Hyatt tem o potencial de se tornar mais um comício disseminador do coronavírus, com o público aglomerado e desafiando a ordem da prefeitura de Orlando de usar máscaras.
Banido das redes sociais e faminto por atenção, Trump fez um discurso em que, ao seu estilo, violou a etiqueta habitual, entre ex-presidentes, de não criticar antecessores. Ele acusou Joe Biden de ser um desastre para o país na gestão da economia e no cancelamento de políticas que ele implementou, em imigração e política externa. "Fomos de América primeiro para América por último," disse Trump.
Segundo ele, Biden criou uma crise de imigração ilegal, especialmente de menores desacompanhados, acusando-o de ter suspendido medidas de segurança na fronteira. Os ataques a Biden foram tão prolongados que Trump parecia ainda estar em campanha. Disse que todo o plano de combate à pandemia do coronavírus é dele.
Ridicularizou o antecessor por dizer que não tinha encontrado estoque de vacinas ao chegar à Casa Branca. Mas disse que Biden não deveria estar mentindo porque não tem ideia do que está acontecendo, numa sugestão de que Biden é senil - o democrata tem 78 anos, e Trump, 74.
Assim como fazia em comícios, Trump falou em detalhes sobre assuntos tangentes que nada têm a ver com a conferência de conservadores, como mulheres no esporte. Repetiu mais de uma vez a falsa narrativa de que venceu a eleição de novembro passado. O público respondeu, aos gritos: "Você ganhou! Você ganhou!".
Embora não tenha se declarado candidato oficialmente, Trump deixou claro que não abre mão de reivindicar a liderança do Partido Republicano. O ex-presidente destacou a importância de recuperar as maiorias na Câmara e no Senado, nas eleições legislativas de novembro de 2022. E mandou recados a membros dissidentes do partido, como a deputada Liz Cheney, terceira no comando do partido na Câmara, que votou pelo impeachment e não foi convidada a falar na Cpac.
Mas foi Trump que empurrou os republicanos para derrotas expressivas, perdendo a maioria da Câmara em 2018 e a do Senado em janeiro, com o segundo turno para duas vagas de senadores na Geórgia - além de ele mesmo não conseguir se reeleger. O ex-presidente prometeu que vai fazer campanha por candidatos em 2022, mas está usando a próxima eleição para se vingar de desafetos, como Cheney, apoiando candidaturas em desafio à reeleição dos que votaram a favor de seu impeachment.
As pesquisas confirmam que a devoção a Trump entre republicanos é semelhante à reservada ao líder de um culto. O problema é que o partido, cuja composição demográfica já estava encolhendo ao longo dos anos, sofreu perdas com a invasão do Capitólio, insuflada justamente por Trump, em 6 de janeiro.
Pelo menos 140 mil eleitores se desligaram da legenda nas semanas seguintes ao episódio, um número que pode ser maior, porque 19 dos 50 estados norte-americanos não identificam a filiação partidária de eleitores registrados.
Trump acumulou uma fortuna de mais de US$ 250 milhões arrecadando fundos para desafiar a apuração da eleição presidencial. Na conferência da Cpac, eleitores entrevistados por vários canais se disseram convictos de que Biden não venceu, e Trump seria o presidente legítimo.
Ninguém duvida de que a desculpa usada por Trump para continuar pedindo dinheiro a pequenos doadores, depois da eleição, não passa de um golpe ardiloso para ele usar os fundos em proveito próprio, como viagens, despesas jurídicas e outros gastos permitidos pela porosa legislação eleitoral.
A questão é se ele vai, mais uma vez, voltar atrás de promessas de financiar campanhas de candidatos que vier a apoiar nos estados. A campanha de reeleição torrou quase US$ 1 bilhão (R$ 5,6 bilhões) até agosto de 2020 e seguiu mancando, obrigada a cancelar anúncios de TV e outras despesas até a derrota.
O primeiro presidente a tratar a Casa Branca como um cenário de reality show extraiu o máximo da aparição na TV. Fez questão de atrasar o início do discurso, marcado para o meio da tarde em Orlando, e aumentar o suspense sobre sua chegada. Falou por 1h30min. Assim, invadiu o horário de telejornais da TV aberta e teve valioso espaço grátis nos canais de cabo de direita. As redes CNN e MSNBC não transmitiram o discurso ao vivo.
O plano de Trump é continuar sugando o oxigênio no território republicano e impedir a emergência de candidatos à eleição de 2024 - a fila de aspirantes é longa. No momento, até o senador Mitch McConnell, o mais poderoso republicano em Washington que detesta o presidente, evita cutucar a onça com a vara curta. Apesar de ter acusado Trump de ser responsável pela violência no Capitólio, disse que o apoiaria se ele fosse o candidato do partido em 2024.
O que ele não disse é se apoia a candidatura do homem que enfrenta duas investigações criminais, além de várias outras civis, e terá 78 anos em 2024.
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