O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) do Equador suspendeu na terça-feira (16),
a recontagem dos votos do primeiro turno das eleições presidenciais solicitada pelo líder indígena de esquerda Yaku Pérez, que alega que aconteceu uma fraude para afastá-lo do segundo turno de 11 de abril. O pedido foi suspenso pela falta de maioria na votação do plenário do CNE, que se reuniu durante a noite. Dos cinco membros, dois votaram a favor do pedido de Pérez, um contra, outro optou pela abstenção e o quinto não compareceu à sessão.
O conselheiro José Cabrera, que votou contra, afirmou que primeiro é necessário "terminar a apuração, proclamar resultados e que então sejam apresentados os recursos de impugnação" previstos na lei.
Pérez, um advogado ambientalista de 51 anos, apresentou formalmente a solicitação de recontagem dos votos em 17 das 24 províncias do país. A revisão afetaria quase seis milhões de votos, que representam 45% dos 13,1 milhões de eleitores registrados no sistema oficial - 17,4 milhões de habitantes.
O líder indígena alega que na apuração preliminar aconteceu uma fraude para impedir sua presença no segundo turno. Ele foi superado no segundo lugar pelo ex-banqueiro Guillermo Lasso, 65 anos, na metade da contagem dos votos.
Lasso e Pérez travaram uma disputa voto a voto pelo segundo lugar, que foi vencido pelo candidato de direita com 19,74% dos votos, contra 19,38% do líder indígena, segundo a apuração preliminar, faltando contar apenas 0,07% das urnas. Pérez reagiu e discursou na frente do CNE: "não vão nos derrotar, não vão nos aniquilar, a resistência continua. O CNE acaba de tomar uma decisão que fica no limbo".
A revisão dos votos havia sido estabelecida na sexta-feira (12), diante de observadores internacionais, entre os candidatos e o organismo eleitoral, mas precisava da aprovação do plenário. A proposta era de uma recontagem de 100% das urnas na província de Guayas, a que tem o maior número de eleitores, e de 50% em outras 16 províncias.
O vice-presidente do CNE, Enrique Pita, que optou pela abstenção, insistiu que "não se deve colocar em risco os prazos eleitorais", que contemplam, entre outros, a campanha do segundo turno de 16 de março a 8 de abril.
Grupos de indígenas ligados a Pérez anunciaram protestos e uma marcha em direção a Quito para denunciar uma suposta fraude contra seu candidato.