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Alemanha

- Publicada em 16 de Janeiro de 2021 às 11:06

Partido de Merkel escolhe líder que promete manter sua linha de centro

Armin Laschet, de 59 anos, foi eleito neste sábado (16) pela CDU (União Democrata Cristã), da atual premiê

Armin Laschet, de 59 anos, foi eleito neste sábado (16) pela CDU (União Democrata Cristã), da atual premiê


ODD ANDERSEN/AFP/JC
Armin Laschet, de 59 anos, foi eleito neste sábado (16) o novo líder do principal partido da Alemanha, a CDU (União Democrata Cristã), da atual premiê, Angela Merkel. O resultado mostra que o partido quer seguir os rumos impostos pela chanceler, de centro, com eventuais concessões aos mais conservadores ou mais progressistas.
Armin Laschet, de 59 anos, foi eleito neste sábado (16) o novo líder do principal partido da Alemanha, a CDU (União Democrata Cristã), da atual premiê, Angela Merkel. O resultado mostra que o partido quer seguir os rumos impostos pela chanceler, de centro, com eventuais concessões aos mais conservadores ou mais progressistas.
Atual primeiro-ministro do mais populoso estado alemão, Renânia do Norte-Vestfália, Laschet não era o candidato preferido dos 1.001 delegados do partido, de acordo com pesquisas recentes, mas foi beneficiado pelo sistema de dois turnos. Ele derrotou o conservador Friedrich Merz por 521 votos a 466, em votação online e secreta. No primeiro turno, ele havia ficado em segundo lugar, com 380 votos, logo atrás de Merz, com 385.
O ex-ministro do Meio Ambiente, Norbert Röttgen, terceiro candidato que defendia uma linha relativamente mais progressista para o partido liberal de centro-direita, ficou em terceiro lugar, com 224 votos.
A disputa interna ganhou importância neste ano porque afeta não só os rumos do partido como também os da própria política da Alemanha. Após 16 anos no poder, Merkel não concorrerá a novo mandato, e o que está em jogo agora é a disputa pela sua sucessão, nas eleições parlamentares de setembro.
Ser escolhido líder do partido costuma garantir cacife para a indicação como candidato, mas, neste ano, a situação está bastante indefinida. Nem Laschet nem seus outros dois concorrentes pela liderança da CDU são populares entre o eleitorado, o que pode colocar no páreo dois outros concorrentes.
O mais próximo de Laschet é o atual ministro da Saúde, Jens Spahn, que o apoiou na eleição interna. O preferido dos eleitores é o premiê da Baviera, Markus Söder, que assistiu à disputa deste sábado da arquibancada: ele é líder de outro partido, a CSU, irmã menor da CDU. Os dois também seguiram uma política mais próxima da da atual chanceler se forem escolhidos para o seu lugar.
A CDU, que até hoje governou o país em 24 dos 31 anos desde a unificação alemã, é um partido guarda-chuva, sob o qual se abrigam liberais, cristãos conservadores, conservadores radicais e centristas urbanos mais progressistas.
Merkel funcionava como uma liga entre as diferentes facções e como um imã para eleitores de todas essas matizes. Nas eleições de 2013, quase obteve a maioria dos votos no país, que lhe permitiria governar até mesmo sem uma coalização.
O estilo da chanceler, de adiar decisões até que um consenso se forme, foi importante para mantê-la numa posição de centro sem desgastar demais as alas mais conservadoras ou progressistas do partido.
"Merkel nunca se envolveu em políticas de 'guerra cultural', recusando-se a usar conflitos sobre valores e crenças para angariar apoio entre partidários leais e dividir eleitorados", escrevem os analistas.
Jornalista, Laschet é um católico de centro que, na gestão à frente da Renânia do Norte-Vestfália, assumiu a proteção da indústria como prioridade. Sua gestão da pandemia, que na Alemanha é competência estadual, foi porém mal avaliada pelos residentes do estado. As chances do candidato na disputa interna foram ajudadas nesta semana pelo endosso de cinco líderes partidários do leste e oeste do país.
No congresso deste sábado, ele se apresentou com um político com "a capacidade de unificar". Em pronunciamento online feito aos delegados, disse que permanecer no centro da sociedade era o único caminho para manter a força. "Devemos garantir que este centro continue a ter fé em nós."
Com Merz, um advogado corporativo milionário, como seu principal adversário, Laschet também ressaltou em seu discurso sua origem trabalhadora: seu pai trabalhava em minas de carvão.

Alemanha já tem índice de mortes maior que o dos Estados Unidos

Lothar Wieler, presidente do Instituto Robert Koch, defende ampliação do confinamento no país

Lothar Wieler, presidente do Instituto Robert Koch, defende ampliação do confinamento no país


JOHN MACDOUGALL/AFP PHOTO/JC
Antes exemplo de resposta à pandemia da Covid-19, a Alemanha agora enfrenta um aumento inédito da taxa de mortalidade pela doença e o governo já planeja aumentar as medidas de restrição em todo o país, que incluiria até a obrigatoriedade do uso de máscaras profissionais por toda a população e a interrupção do transporte público.
Desde o início da pandemia, a taxa de mortes per capita na Alemanha era menor do que a dos Estados Unidos. No entanto, a partir de desde meados de dezembro, isso começou a mudar. Nesse período, diariamente, cerca de 15 a cada 1 milhão de alemães morreram por causa do novo coronavírus. Nos EUA, essa proporção é de 13 a cada 1 milhão.
A chanceler alemã, Angela Merkel, quer implementar uma "megaquarentena", segundo o jornal Bild, fechando todo o território. Autoridades de saúde temem que o país tenha uma explosão de casos e mortes até a Páscoa por causa das duas novas cepas da Covid-19, detectadas no Reino Unido e na África do Sul - ambas 70% mais transmissíveis.
Segundo o jornal, entre as novas medidas avaliadas por Merkel estão a interrupção do serviço de transporte público para curta e longa distâncias, a reintrodução dos controles fronteiriços, a imposição generalizada do uso de máscaras FPP2, as mesmas utilizadas por profissionais de saúde, e a imposição do trabalho remoto
O bloqueio atual no país, sob o qual escolas e lojas e serviços não essenciais foram fechados, deveria durar até o dia 31. No entanto, a chanceler vem dizendo que o país precisaria de mais oito a dez semanas para conter a pandemia.
Nas últimas 24 horas foram registrados 25.164 novos casos e 1.244 mortes no país. No total, são mais de 45 mil óbitos e pouco mais de 2 milhões de infecções. O governo ainda considera que haja subnotificação por causa de mortes ainda não reportadas oficialmente que ocorreram durante os feriados do fim do ano.
Em novembro, com o avanço da segunda onda da pandemia, a Alemanha implementou uma quarentena parcial, permitindo que lojas e escolas ficassem abertas. Tudo foi fechado no mês seguinte. Em janeiro, o governo estendeu a quarentena até o fim deste mês.
Lothar Wieler, presidente do Instituto Robert Koch, a agência do governo responsável pelo controle e prevenção de doenças, disse que a segunda série de restrições não foi implementada de forma tão sólida como durante a primeira onda de contaminações. O instituto tem defendido a ampliação do confinamento em todo o país, alegando que as medidas atuais têm "muitas exceções".
Hospitais em 10 dos 16 Estados alemães estão com 85% dos leitos ocupados por pacientes com covid-19, informou Wieler. O país tem registrado uma média de 540 novas internações de pacientes com covid-19 ao dia - 31% deles tem morrido, de acordo com dados oficiais.
Com as mortes, aumentou muito a demanda nos crematórios. Em Meissen, cidade ao leste do país, há uma fila pelo serviço. "Atualmente, recebemos 400 (caixões) em uma semana para cremação", o dobro do número usual, disse Jörg Schaldac, diretor do crematório local.