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Estados Unidos

- Publicada em 17 de Novembro de 2020 às 16:03

Trump trabalha para retirar parte das tropas dos EUA de Iraque e Afeganistão

Nos dois países do Oriente Médio, o foco dos soldados que continuarem deve ser o combate ao terrorismo

Nos dois países do Oriente Médio, o foco dos soldados que continuarem deve ser o combate ao terrorismo


WAKIL KOHSAR/AFP/JC
O presidente Donald Trump estuda a possibilidade de retirar milhares de soldados norte-americanos que atualmente estão presentes em conflitos no Iraque, no Afeganistão e na Somália. A informação foi inicialmente dada pela rede de TV CNN na segunda-feira (16) e depois confirmada pelo jornal The New York Times e por outros veículos da imprensa.
O presidente Donald Trump estuda a possibilidade de retirar milhares de soldados norte-americanos que atualmente estão presentes em conflitos no Iraque, no Afeganistão e na Somália. A informação foi inicialmente dada pela rede de TV CNN na segunda-feira (16) e depois confirmada pelo jornal The New York Times e por outros veículos da imprensa.
Não está claro ainda qual seria o cronograma exato da retirada e quantos militares voltariam para casa. De acordo com o jornal The Wall Street Journal, a ideia da Casa Branca é ordenar a retirada até 15 de janeiro - cinco dias antes do fim do atual mandato de Trump. O presidente eleito, Joe Biden, não foi consultado sobre a medida.
O plano de Trump é cortar pela metade os cerca de 5 mil soldados norte-americanos atualmente no Afeganistão, o que vem sendo elaborado desde o início do mandato. No Iraque, a diminuição seria bem menor, de algumas centenas (diminuindo dos atuais 3 mil para 2,5 mil).
Nos dois países do Oriente Médio, o foco dos soldados que continuarem deve ser o combate ao terrorismo. Não está claro se as tropas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) - aliança militar liderada por Washington - atualmente no Afeganistão vão ser afetadas pela medida.
Já na Somália todos os 700 militares dos EUA devem retornar para Casa. Washington planeja manter, porém, seus homens nos vizinhos Quênia e Djibouti. São de bases destes dois países que os EUA lançam ataques de drones contra o grupo Al Shabab, uma filial da Al-Qaeda que atua no território somali. A retirada não deve atingir as centenas de soldados atualmente na Síria, apesar do desejo de Trump para que isso acontecesse.
O plano de retirada faz parte de documentos que circulam dentro do Pentágono, aos quais a imprensa norte-americana teve acesso. Um memorando assinado pelo secretário interino de Defesa, Christopher Miller, confirma o plano de diminuir os contingentes nos três países. Mas a definição sobre a retirada ou não dos soldados caberá a Trump, que precisa emitir uma ordem executiva com a determinação. A expectativa é que isso aconteça ainda nesta semana.
Durante a campanha na qual foi eleito, em 2016, o republicano prometeu acabar com o que classificou como guerras sem fim dos EUA e disse que iria retirar as tropas do Iraque e do Afeganistão durante seu mandato. Ao longo dos últimos quatro anos, ele de fato diminuiu o contingente nesses dois países, mas nunca retirou completamente os soldados.
No mês passado, chegou a dizer que gostaria que todos os soldados do país no Afeganistão retornassem para casa antes do Natal, mas foi convencido por assessores e pelo secretário de Estado, Mike Pompeo, que o plano não era possível. Ele teria concordado, então, com uma retirada apenas parcial.
De acordo com a CNN, a demissão do então secretário de Defesa, Mark Esper, na semana passada, também tem ligação com o caso. Esper escreveu um memorando interno alertando que uma retirada imediata das tropas poderia levar a um aumento da violência no Afeganistão e dificultar as atuais negociações de paz entre o governo local e o Taliban.
O documento contribuiu para que Trump decidisse demitir o secretário. Sua saída abriu as portas para a chegada de Miller e de uma nova equipe, que não se opõem ao plano.

Líder republicano no Senado, McConnell é contra retirada

Mitch McConnell é um dos principais aliados de Trump no Congresso

Mitch McConnell é um dos principais aliados de Trump no Congresso


SAUL LOEB/AFP/JC
Quem já se manifestou contra a nova estratégia, porém, foi o líder republicano no Senado, Mitch McConnell, um dos principais aliados de Trump no Congresso. "Uma retirada rápida das forças dos EUA do Afeganistão agora iria prejudicar nossos adversários e encantar as pessoas que querem nos fazer mal", disse o senador durante a sessão da Casa na segunda-feira, quando o plano de Trump já tinha sido divulgado pela imprensa.
Apesar do acordo feito entre o governo afegão, os EUA e o Taliban em fevereiro, o país continua enfrentando turbulências, com mais de 200 civis mortos em decorrência de conflitos no mês passado. As negociações entre Cabul e o grupo, que ocorrem no Qatar, também estão travadas.
McConnell comparou ainda a ação a retirada das tropas norte-americanas no fim da Guerra do Vietnã e a decisão do antecessor de Trump, Barack Obama, de ordenar as retiradas dos soldados do Iraque em 2011.
A ação, de acordo com especialistas, acabou criando o cenário para o fortalecimento do grupo Estado Islâmico. O próprio Obama acabou anunciando o retorno dos militares ao país três anos depois.
Segundo o New York Times, porém, Trump considera que a retirada das tropas é uma promessa importante para sua base e que a ação seria lembrada por seus apoiadores caso ele decida disputar novamente a Casa Branca em 2024.