Parlamentares de oposição de Hong Kong anunciaram suas renúncias nesta quarta-feira (11) após a demissão de quatro legisladores pró-democracia, em meio ao cerco do governo chinês a dissidentes do território semiautônomo. Autoridades de Hong Kong informaram que os parlamentares eleitos democraticamente foram desqualificados, anunciando a mudança poucos minutos depois que o legislativo da China aprovou uma resolução que autorizava as autoridades locais a destituir políticos dissidentes sem passar pelos tribunais.
Em uma entrevista coletiva que começou com todos os legisladores da oposição de mãos dadas, o presidente do Partido Democrata, Wu Chi-Wai, disse que "cedo ou tarde, todos seríamos desqualificados". Ele confirmou separadamente a intenção dos outros 15 legisladores de renunciar na quinta-feira (12). "Hoje começa um novo jogo sobre como a batalha pela democracia será travada em Hong Kong", afirmou.
As renúncias deixam a legislatura da cidade, em sua maioria pró-Pequim, como efetivamente um carimbo para políticas e leis governamentais. A medida ameaça derrubar décadas da difícil política legislativa de Hong Kong - onde a oposição às vezes atrasou, emendou e até frustrou a legislação governamental.
Wu ressaltou, ainda, que a decisão desta quarta-feira declara a "a morte oficial" do modelo
"um país, dois sistemas". O modelo ao qual o parlamentar se refere faz parte do acordo assinado entre China e Reino Unido em 1997, quando os britânicos devolveram Hong Kong ao território chinês. O tratado prevê a autonomia da ex-colônia em relação ao regime central de Pequim.
Neste ano, as manifestações arrefeceram devido à pandemia de coronavírus e às regras que procuravam impedir aglomerações e tentar evitar a propagação da doença. Contudo, a
aprovação de uma nova lei de segurança nacional, em junho, deu novo fôlego às manifestações anti-Pequim. A legislação pune qualquer ato que a China considere subversão, secessão, terrorismo ou conluio com forças estrangeiras.
O regime de Xi Jinping nega qualquer interferência na autonomia do território e diz que a legislação visa restaurar a estabilidade em Hong Kong. A comunidade internacional e diversas instituições de defesa dos direitos humanos, porém, reforçaram seus discursos contra a violação das liberdades individuais e
impuseram sanções econômicas e diplomáticas sobre a China.