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Internacional

- Publicada em 05 de Novembro de 2020 às 13:45

Áustria diz que terrorista agiu sozinho e discute se poderia ter evitado atentado

Número de feridos também foi atualizado para 27, mas nenhum corre risco de vida

Número de feridos também foi atualizado para 27, mas nenhum corre risco de vida


HELMUT FOHRINGER/APA/AFP/JC
O governo austríaco concluiu que o terrorista que matou quatro pessoas na noite da última segunda-feira (2), em Viena, capital da Áustria, agiu sozinho. O número de feridos também foi atualizado para 27. Nenhum corre risco de morrer.
O governo austríaco concluiu que o terrorista que matou quatro pessoas na noite da última segunda-feira (2), em Viena, capital da Áustria, agiu sozinho. O número de feridos também foi atualizado para 27. Nenhum corre risco de morrer.
A hipótese de mais de um agressor era investigada porque houve tiroteios em seis locais do centro da cidade, mas foi eliminada pela análise de milhares de vídeos enviados por testemunhas e de câmeras nas ruas.
Os investigadores agora tentam apurar se o terrorista - o austríaco de origem macedônia Kujtim Fejzulai, de 20 anos, morto durante o ataque - fazia parte de uma rede mais ampla. Desde terça-feira, 15 pessoas foram detidas na Áustria e duas na Suíça. Oito delas têm ficha criminal e quatro foram condenadas por terrorismo.
Fejzulai havia sido condenado por tentar se juntar ao Estado Islâmico em 2018, e saiu da prisão em liberdade condicional no final de 2019. O grupo terrorista islâmico reivindicou a autoria dos assassinatos, mostrando vídeos de Fejzulai, mas o governo austríaco ainda não confirmou a autenticidade das declarações.
Uma comissão de investigação independente foi aberta na quarta-feira (4) para examinar se o atentado terrorista poderia ter sido evitado, já que a Áustria foi alertada em julho pela Eslováquia de que Fejzulai tentou comprar munição para rifles automáticos.
A compra não aconteceu porque ele não mostrou licença de porte de armas, mas o serviço de inteligência da Eslováquia passou a informação aos austríacos. O diretor-geral de Segurança Pública, Franz Ruf, confirmou que agências de inteligência estaduais e federal da Áustria foram avisadas, e disse que elas enviaram perguntas adicionais à Eslováquia.
"A partir daí, evidentemente algo deu errado", afirmou em entrevista nesta quinta-feira (5) o ministro do Interior, Karl Nehammer, que confirmou a abertura de uma investigação sobre os procedimentos. Segundo o chefe de polícia de Viena, Gerhard Pürstl, não foi possível estabelecer com 100% de certeza a identidade do homem que tentou comprar balas no país vizinho.
Uma das falhas pode ter sido a ausência de comunicação ao Ministério da Justiça da Áustria, que havia libertado Fejzulai em dezembro. De acordo com o órgão, as tentativas de compra de munição seriam suficientes para colocar o terrorista de novo na cadeia.

Polícia comum nas fronteiras

O premiê austríaco, Sebastian Kurz, pediu uma ação coordenada da União Europeia para discutir com prioridade "o problema do Islã político no futuro", e o ministro das Relações Exteriores da Itália, Luigi Di Maio, afirmou serem necessários mais poderes de vigilância contra terroristas e mais colaboração internacional. O território italiano serviu de passagem para o terrorista tunisiano que matou a facadas três pessoas -incluindo uma brasileira- em uma igreja de Nice (França) na semana passada.
Nesta quinta, o presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou a duplicação do número de policiais nas fronteiras do país, de 2.400 para 4.800, para combater ameaças terroristas, tráfico e imigração ilegal. Segundo ele, a medida foi decidida depois do atentando em Nice.
O presidente afirmou que vai defender uma revisão das regras que regem o espaço Schengen (de livre circulação na Europa) e maior controle das fronteiras do bloco europeu. Macron deve apresentar aos líderes dos outros 26 países um plano comum "com uma verdadeira polícia de segurança nas fronteiras externas".
Em comunicado comum, os ministros do Interior (responsável por segurança) Horst Seehofer, da Alemanha, e Gérald Darmanin, da França, sugeriram que o tema seja debatido em reunião dos 27 ministros da área, na próxima semana.
França e Alemanha querem intensificar a troca de informações sobre pessoas que representam uma ameaça terrorista ou extremista violenta, para aumentar a prevenção de ataques. Pelo sistema atual, cada país decide por contra própria que informações serão fornecidas e a quais órgãos de inteligência, sem regras preestabelecidas.
À Euractiv alemã, o pesquisador de terrorismo e segurança da Sociedade Alemã para Política Externa (DGAP), Alexander Ritzmann, afirmou que a cooperação internacional é fundamental para combater os atentados, já que o terrorismo se desenvolve através de fronteiras. "Você precisa de uma rede para vencer uma rede", afirmou ele, sugerindo um sistema semelhante ao alemão.
Organizada como uma federação, a Alemanha tem escritórios de investigação criminal e agências de proteção constitucional em cada um de seus 16 estados, mas governos regionais e federal listam as informações que possuem em um banco de dados antiterrorismo conjunto.
Isso permite que um estado possa pedir a outro detalhes que considere importantes, se verificar que suspeitos já eram conhecidos em outra região. O sistema ainda se baseia na decisão de quem detém as informações, para garantir proteção da fonte e dos dados.
No Parlamento alemão, o ministro do Interior disse nesta quinta que existem 615 ameaças de extremismo islâmico na Alemanha, monitoradas 24 horas por dia. "Os ataques devem sempre ser esperados a qualquer momento", disse Seehofer.
Na Áustria, eram conhecidos 320 nomes de pessoas ativamente envolvidas com atividades extremistas na Síria e no Iraque ou dispostas a juntar-se aos grupos naqueles países no final de 2018, segundo os integrantes austríacos da coalizão global contra o Estado Islâmico, formada em 2014 pelos Estados Unidos. Estima-se que cerca de 58 pessoas morreram na região, 93 regressaram à Áustria e 62 foram impedidas de sair do país.
Os ministérios das Finanças de países da UE também começaram a discutir formas de bloquear o fluxo de dinheiro para organizações extremistas. Na quarta (4), a prefeitura de Viena homenageou três moradores da cidade - dois de origem turca e um de origem palestina - por terem arriscado a própria vida para salvar vítimas durante o atentado terrorista.
Recep Tayyip Gültekin, de 21 anos, foi baleado pelo atirador ao correr para ajudar uma mulher caída no chão. Com a ajuda do amigo Mikail Özen, de 25 anos, conseguiu ainda assim levá-la para um lugar seguro. Osma Yoda, de 23, socorreu um policial baleado pelo terrorista a poucos metros da lanchonete em que trabalha.
Folhapress
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