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Estados Unidos

- Publicada em 20 de Outubro de 2020 às 20:03

Eleições EUA: Trump pede investigação contra filho de Biden antes da eleição

Reportagem do New York Post é usada como trunfo eleitoral de Trump

Reportagem do New York Post é usada como trunfo eleitoral de Trump


New York Post/Divulgação/JC
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, solicitou nesta terça-feira (20), que o procurador-geral William Barr abra uma investigação contra Hunter Biden, filho de Joe Biden antes das eleições do dia 3 de novembro. Em entrevista à Fox News, Trump citou a reportagem do New York Post sobre supostas irregularidades nos negócios de Hunter com a companhia de gás ucraniana Burisma. O presidente pediu que Barr nomeie alguém para "lidar com o assunto".
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, solicitou nesta terça-feira (20), que o procurador-geral William Barr abra uma investigação contra Hunter Biden, filho de Joe Biden antes das eleições do dia 3 de novembro. Em entrevista à Fox News, Trump citou a reportagem do New York Post sobre supostas irregularidades nos negócios de Hunter com a companhia de gás ucraniana Burisma. O presidente pediu que Barr nomeie alguém para "lidar com o assunto".
"Temos que fazer com que o procurador-geral aja. Ele tem que agir e ele tem que agir rápido", disse Trump, completando: "esta é uma grande corrupção e isso deve ser conhecido antes da eleição."
Há menos de 15 dias da eleição, a campanha do republicano vem utilizando uma matéria veiculada pelo tabloide New York Post como trunfo eleitoral. A publicação apresentou o que seriam provas de como o filho de Biden, Hunter, usou a influência do pai para mediar o encontro dele com um empresário ucraniano.

Matéria teve resistência dos próprios repórteres

A matéria, que está sendo usada pela campanha de Donald Trump para atacar o rival democrata na batalha pela Casa Branca, tem como ponto central um laptop que seria de Hunter, e foi deixado em uma assistência técnica de Delaware por meses. Segundo o jornal, o dono da loja copiou o conteúdo do equipamento e, meses depois, teria passado as informações sobre o filho do ex-vice-presidente a um advogado de Rudolph Giuliani, aliado de Trump.
O Post ainda alega que foi alertado sobre a existência do material por Steve Bannon, ex-estrategista da campanha de Trump que foi preso em agosto, acusado de fraude em um projeto de financiamento para parte de um muro na fronteira com o México. Apesar de ter sido posta em xeque por praticamente todos os grandes veículos de imprensa dos EUA e ter sofrido restrições em redes sociais, o jornal reafirmou sua veracidade.
De acordo com o New York Times, o material apontado como sendo de Hunter foi entregue por Giuliani no dia 11 de outubro - a escolha pelo Post foi feita, nas palavras do próprio ex-prefeito de Nova York, porque "ninguém mais aceitaria isso ou, se eles pegassem, gastariam todo o tempo tentando contradizer (o material) antes de publicar".
A decisão final foi tomada por três editores de alto escalão, e a palavra de ordem era uma só: para que tudo estivesse pronto o quanto antes. Três dias depois ela estava nas bancas.
Contudo, segundo relatos internos obtidos pelo New York Times, nem mesmo os responsáveis por escrever o texto acreditavam em sua veracidade. O autor principal, identificado como Bruce Goulding, pediu para que seu nome não aparecesse. Como outros colegas de redação, ele tinha muitas questões sobre a credibilidade das informações ali apresentadas. Pelo menos dois outros repórteres fizeram o mesmo, enquanto uma das autoras do texto, Gabrielle Fonrouge, descobriu que era parte da história só depois do texto ganhar as páginas e o site do Post.
De acordo com o site Mediaite, a história também foi oferecida para a Fox News, que apresenta visões favoráveis sobre o governo de Donald Trump e traz acusações frequentes contra Joe Biden. Contudo, a falta de credibilidade dos e-mails e mesmo de Giuliani levou a Fox News a recusar a oferta. Apesar disso, a história vem sendo divulgada nos programas e no site da emissora.

Holofotes sobre Hunter já levaram a pedido de impeachment

Há um ano, os esforços de Trump para colocar os holofotes em Hunter Biden voltaram-se contra ele, após uma fonte divulgar um telefonema no qual o presidente norte-americano é flagrado pedindo ao homólogo ucraniano que abrisse uma investigação sobre o filho de Joe Biden. Em troca, os Estados Unidos prometeram uma ajuda militar importante à Ucrânia.
Os democratas acusaram Trump de abuso de poder e o submeteram a um processo de impeachment em uma votação histórica no Congresso. Os senadores republicanos absolveram rapidamente o presidente, enterrando o "caso Hunter Biden" por vários meses.
Em setembro, senadores republicanos atacaram novamente. Segundo um relatório, Joe Biden nada fez para impedir que seu filho se aproveitasse de seu nome, mas não há indícios de que tenha influenciado a política externa dos Estados Unidos para ajudar Hunter.