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Internacional

- Publicada em 11 de Outubro de 2020 às 20:33

Candidato de direita desiste na Bolívia e fortalece frente contra nome de Evo

O ex-presidente da Bolívia Jorge "Tuto" Quiroga (2001-2002) anunciou que desistiu de tentar voltar ao cargo na eleição do próximo domingo (18).
O ex-presidente da Bolívia Jorge "Tuto" Quiroga (2001-2002) anunciou que desistiu de tentar voltar ao cargo na eleição do próximo domingo (18).
O candidato de direita usou suas redes sociais neste domingo (11) para anunciar que resolveu retirar sua candidatura e que não irá mais disputar o pleito.
"Não tenho possibilidade de chegar à Presidência, por isso declino de minha candidatura. Tenho na alma uma profunda dor e uma enorme angústia. Tenho diferenças com outros candidatos, mas espero que atuem para derrotar o MAS", afirmou ele, se referindo ao Movimento ao Socialismo, o partido do ex-presidente Evo Morales.
"Por menor que seja o risco de o MAS voltar ao governo, neste próximo 18 de outubro devo fazer tudo o que esteja ao meu alcance para evitar isso", completou ele.
A justificativa de Quiroga é muito parecida à da presidente interina do país, Jeanine Áñez, que também desistiu de sua candidatura em 18 de setembro "para não fragmentar o voto da direita e evitar uma nova vitória do MAS".
Quiroga é um conhecido crítico de Evo, e passou a maior parte da gestão do ex-presidente (2006-2019) apontando para as denúncias de corrupção contra o governo.
No ano passado, quando Evo obteve a permissão do tribunal constitucional para disputar um quarto mandato -o que é proibido pela Constituição, que só permite uma reeleição- Quiroga disse à Folha de S.Paulo que não se candidataria porque, "se o fizesse, estaria respaldando uma fraude, uma eleição ilegítima".
Após a renúncia de Evo, em novembro do ano passado, Quiroga apoiou a controversa decisão que levou Áñez, então segunda vice-presidente do Senado, ao comando do país. O ex-presidente, porém, deixou de apoiá-la em poucos meses, quando ela decidiu que participaria do pleito.
Curiosamente, nem Áñez nem Quiroga anunciaram apoio ao também ex-presidente Carlos Mesa ao retirarem suas candidaturas.
Mesa aparece atualmente em segundo lugar nas pesquisas e é considerado o principal nome capaz de vencer o candidato do MAS, o ex-ministro da Economia Luis Arce.
Seu perfil, porém, é bem diferente dos dois rivais que desistiram. Enquanto Quiroga e Áñez se posicionam como representantes da direita, Mesa é um político de centro-esquerda, que inclusive chegou a colaborar com o MAS em diversas ocasiões.
Ele foi, por exemplo, escolhido por Evo para ser o porta-voz da demanda da Bolívia por uma saída pelo mar -o país trava há anos uma disputa sobre o assunto com o Chile.
As pesquisas mais recentes mostram a uma semana da votação o cenário está em aberto. A opção mais provável é que ocorra um segundo turno entre Mesa e Arce, mas os levantamentos não descartam a possibilidade do candidato do MAS vencer em primeiro turno --o que pode ter motivado as desistências.
Além disso, as pesquisas na Bolívia não costumam ser confiáveis, principalmente pela dificuldade dos institutos de realizar enquetes nas regiões andina e amazônica. Assim, a maioria dos levantamentos costumam ser baseados nas cidades ou em sondagens feitas por telefone.
Entre as mais recentes, realizadas nas últimas semanas, portanto antes da desistência de Quiroga, está a do instituto Jubileo, que tem a maior amostragem (16 mil pessoas). Nesta, a diferença entre Arce (42,9%), em primeiro lugar, e Mesa (34,2%), em segundo, é de 8,7 pontos. Quem cresceu depois da saída de Áñez foi o também direitista Luis Fernando Camacho, que aparece com 17,8%.
Na Bolívia, para vencer no primeiro turno um candidato deve ter mais de 50% dos ou 40% e uma diferença de 10 pontos percentuais em relação ao segundo colocado. Caso contrário, há segundo turno.
Já a pesquisa do Ipsos (com 2.000 entrevistas), traz Arce com 42,2% contra 34,6% para Mesa. A diferença cairia para 7,6%. Nesta, Camacho aparece com 17,1%.
Já a pesquisa da Mercados y Muestras, realizada a pedido do jornal Página Siete, traz uma vitória apertada de Mesa (37,4%) sobre Arce (37,2%), com Camacho obtendo 19,2%.
Enquanto isso, o Celag (com 1.700 entrevistas) mostra Arce ganhando no primeiro turno, com 44,4% contra 34% de Mesa. Aqui, Camacho tem 15,2%.
Todos os levantamentos apontam que Mesa venceria Arce em um hipotético segundo turno.
Apesar da pandemia do coronavírus não estar contida no país, que tem 138.463 contaminados e 8.292 mortes, Camacho tem realizado atos públicos com aglomerações -ele inclusive realizou um comício neste domingo no departamento de Pando.
Já Arce tem misturado alguns atos públicos e com outros eventos virtuais, enquanto Mesa tem feito campanha principalmente por meio das redes sociais.
No último domingo (4), houve um debate presidencial com todos os candidatos, menos Arce. A estratégia do candidato de esquerda é a de não se expor enquanto ainda está na liderança.
Porém, ao final da semana, Arce marcou uma diferença com relação a Evo. Em uma entrevista em Buenos Aires na última quinta-feira (8), o ex-presidente afirmou que os "meios de comunicação foram cúmplices do golpe de Estado", em uma referência aos protestos e ameaças que o levaram a renunciar à Presidência.
Assim, Evo disse que era "necessário fazer algo com a imprensa, precisamos de mais veículos que sejam do Estado e mais convencidos de sua missão social". As declarações repercutiram de modo negativo na Bolívia.
Em um ato em La Paz na sexta-feira (9), Arce se diferenciou do padrinho político, dizendo que "não compartilha com as opiniões do companheiro Evo sobre a imprensa", e que esta "cumpre um papel importante na democracia e na recuperação da pátria".
Folhapress
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