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Internacional

- Publicada em 23 de Setembro de 2020 às 19:53

União Europeia desiste de obrigar países do bloco a receber refugiados

Ilha grega de Lesbos é a principal entrada de imigrantes no continente

Ilha grega de Lesbos é a principal entrada de imigrantes no continente


LOUISA GOULIAMAKI/AFP/JC
Hungria, Polônia e outros países da União Europeia (UE) que fecham as portas para refugiados não precisarão mais recebê-los. Em contrapartida, devem financiar a repatriação dos estrangeiros que tiverem pedidos de asilo rejeitados.
Hungria, Polônia e outros países da União Europeia (UE) que fecham as portas para refugiados não precisarão mais recebê-los. Em contrapartida, devem financiar a repatriação dos estrangeiros que tiverem pedidos de asilo rejeitados.
A proposta integra o novo pacto de imigração apresentado nesta quarta-feira (23) pela Comissão Europeia (Poder Executivo da UE), duas semanas após o incêndio que destruiu o campo de refugiados de Moria, o maior do continente, na ilha grega de Lesbos. Há uma semana, o governo alemão anunciou que planejava receber 1,5 mil imigrantes hoje na Grécia, o que antecipou a discussão sobre políticas de imigração.
Reduzir o problema em países do Mediterrâneo que são porta de entrada dos refugiados, como Itália, Grécia, Malta, Chipre e Espanha, é um dos objetivos da Comissão. Mas a UE também quer se preparar contra novas pressões, principalmente com a crise pós-Covid-19, que vai aumentar a pobreza e a desigualdade no mundo.
"Se não exercermos solidariedade e responsabilidade agora, reviveremos a história do filme 'Viagem para o Futuro'. Quando chegarmos lá, nos encontraremos como todos os problemas que criamos no passado", afirmou o grego Margaritis Schinas, vice-presidente da Comissão.
Na Europa, no entanto, entraram cerca de 140 mil imigrantes em situação irregular, uma fração dos 2,4 milhões de 2015/2016. O alívio veio em grande parte devido a um acordo com a Turquia, que passou a funcionar como barreira à passagem de imigrantes. O país europeu-asiático recebeu em 2019 o maior número de refugiados do mundo, 3,9 milhões, 92% deles saindo da Síria.
A proposta apresentada nesta quarta-feira tem três partes: uma para evitar a saída dos imigrantes irregulares de seu país natal, a segunda para evitar sua entrada na Europa e a terceira para assentar os refugiados e/ou devolver a seus países os que tiverem o asilo negado.
É nessa última que está a principal inovação política: em vez de impor cotas de refugiados a seus membros, como fez em 2016, a UE abriu a possibilidade de que patrocinem a repatriação dos que não tiverem o asilo aprovado. O objetivo é superar os quatro anos de impasse provocados principalmente por Hungria e Polônia, cujos governos defendem que o assentamento de estrangeiros ameaça a cultura cristã do país.
À crítica de que a Comissão estava cedendo a valores "não europeus" de países autoritários, a comissária para assuntos internos, a sueca Ylva Johansson, disse que hoje devolver os estrangeiros a seus países de origem é muito mais urgente que aceitar asilados (que era a prioridade em 2015).
Apenas um terço dos refugiados que pedem asilo preenchem as qualificações para ficarem no bloco, segundo os dados da UE, mas a maior parte dos outros dois terços acaba ficando por muitos anos no continente: em 2019, apenas 29% dos cerca de 490 mil imigrantes irregulares saíram da UE.
Segundo a Comissão, é a dificuldade em processar os pedidos de asilo e fazer os repatriamentos que hoje provoca a superlotação de campos de refugiados como os da Grécia. "As condições em Moria, antes e depois do incêndio, eram inaceitáveis. São homens, mulheres e crianças que vivem em acampamentos superlotados com saneamento precário e pouco acesso a cuidados de saúde. Não basta dizer 'nunca mais', precisamos de medidas concretas e de que todos os Estados-membros façam sua parte", afirmou.
Ylva afirmou ainda que o pacto não implica uma visão negativa da UE em relação à imigração: "Precisamos dela, porque somos uma sociedade envelhecida. Mas queremos menos entradas ilegais e mais imigrantes legais".
Segundo a comissária, os imigrantes legais que chegaram à UE em 2019 foram 2,4 milhões, enquanto 1 milhão de europeus deixaram o bloco. Para ser implantado, o novo pacto de imigração ainda terá que ser aprovado pelo Conselho Europeu (que reúne os líderes dos 27 membros da UE), pelo Parlamento Europeu e pelos parlamentos nacionais.
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