A companhia aérea chilena Latam não conseguir convencer a Justiça americana a aceitar o modelo de sua capitalização. A ordem para a empresa, que tem relevantes operações no Brasil, é uma só, segundo especialistas em recuperação judicial: encontrar outra fonte de dinheiro, e rápido.
A Latam havia acertado um empréstimo de US$ 2,45 bilhões com as famílias Cueto e Amaro - acionistas da companhia -, a Qatar Airways e o fundo Oaktree Capital. No entanto, o empréstimo - no modelo DIP, que dá preferência de pagamento a quem ajudou a empresa no momento de dificuldade - não foi aceito pela corte responsável pela recuperação da companhia nos EUA.
A decisão foi proferida pelo juiz James L. Garrity Jr., da corte de falências de Nova York, em uma sentença longa, de mais de 100 páginas.
A sócia do escritório de advocacia PGLaw, Maria Fabiana Dominguez Sant'Ana, diz que a decisão é um revés que pode ser contornado. A especialista destacou, porém, que não é comum a Justiça americana interferir em processos como esse.
"O problema foi eles entenderem que os acionistas estariam se beneficiando. Não é grave ao ponto de não ser contornável, mas é algo que não costuma acontecer", comenta.
O sócio de ASBZ Advogados e especialista em insolvência, Bruno Chiaradia, a Latam tem um desafio pela frente para avançar com seu plano de recuperação judicial. "É uma grande frustração. Levaram o processo para os Estados Unidos para ele ser viabilizado com maior segurança”, relata. Segundo ele, a companhia está em xeque, já que o DIP na forma como foi proposto não deu certo. “Ele era o carro-chefe para a recuperação da empresa. A empresa terá de viabilizar um novo formato", acrescenta.