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Líbano

- Publicada em 18 de Agosto de 2020 às 21:17

Tribunal da ONU: Hezbollah e Síria não participaram de atentado contra o então premiê libanês Rafic Hariri

Tribunal Especial da ONU centrou-se nas alegadas funções de quatro membros do Hezbollah no caminhão-bomba suicida que matou Hariri

Tribunal Especial da ONU centrou-se nas alegadas funções de quatro membros do Hezbollah no caminhão-bomba suicida que matou Hariri


KENZO TRIBOUILLARD/AFP/JC
Não há evidência de que líderes do grupo xiita Hezbollah ou o governo da Síria tenham envolvimento na morte do ex-primeiro-ministro do Líbano, Rafic Hariri, vítima de um atentado a bomba em 2005. É isso que decidiu o Tribunal Especial da ONU para o Líbano durante a leitura do veredito do julgamento de quatro extremistas do grupo xiita nesta terça-feira (18), em Leidschendam, na Holanda. Antes de a sessão começar, o juiz presidente David Re pediu um minuto de silêncio pelas vítimas da explosão que devastou Beirute no dia 4 de agosto.
Não há evidência de que líderes do grupo xiita Hezbollah ou o governo da Síria tenham envolvimento na morte do ex-primeiro-ministro do Líbano, Rafic Hariri, vítima de um atentado a bomba em 2005. É isso que decidiu o Tribunal Especial da ONU para o Líbano durante a leitura do veredito do julgamento de quatro extremistas do grupo xiita nesta terça-feira (18), em Leidschendam, na Holanda. Antes de a sessão começar, o juiz presidente David Re pediu um minuto de silêncio pelas vítimas da explosão que devastou Beirute no dia 4 de agosto.
"A câmara de julgamento é da opinião que a Síria e o Hezbollah podem ter tido motivos para eliminar Hariri e seus aliados políticos, no entanto, não há evidências de que a liderança do Hezbollah teve qualquer envolvimento no assassinato de Hariri e não há evidências diretas de envolvimento sírio", disse Re, lendo um resumo da decisão do tribunal de 2,6 mil páginas.
O julgamento centrou-se nas alegadas funções de quatro membros do Hezbollah no caminhão-bomba suicida que matou Hariri, deixou outros 21 mortos e feriu 226 pessoas. Os promotores basearam a acusação principalmente em dados de telefones celulares supostamente usados pelos conspiradores para planejar e executar o bombardeio.
Sem os dados do telefone, não haveria caso contra os quatro suspeitos, disse Re, ao começar a explicar a complexa investigação das redes de telecomunicações que os promotores disseram que os suspeitos usaram. No entanto, Re disse que as evidências de telecomunicações no caso eram "quase inteiramente circunstanciais".
Ao fim do julgamento, apenas um dos quatro suspeitos foi considerado culpado. O tribunal considerou que a participação de Salim Ayyash, apontado como membro do Hezbollah, como coautor do crime estava "além de qualquer dúvida razoável". Os outros três suspeitos, no entanto, foram declarados inocentes.
O veredito foi adiado por quase duas semanas em sinal de respeito às vítimas da explosão devastadora na região portuária de Beirute. A tragédia, que matou ao menos 200 pessoas e deixou mais de 6 mil feridos e milhares de desabrigados, ocorreu na mesma semana em que o tribunal apresentaria sua sentença.

O atentado que fez o Líbano tremer

O atentado contra o ex-premiê Rafic Hariri é para muitos libaneses o equivalente ao assassinato de John F. Kennedy para os norte-americanos. O bilionário sunita, que encarnava a era da reconstrução após a Guerra Civil (1975-1990), morreu na explosão de um carro-bomba na passagem de seu comboio blindado.
A explosão provocou uma bola de fogo em Beirute. As chamas alcançaram vários metros de altura e as janelas de prédios nos arredores quebraram em um raio de meio quilômetro.
O homem-bomba ao volante de uma caminhonete branca carregada com duas toneladas de explosivos estacionou estrategicamente para esperar o comboio, que havia acabado de sair do Parlamento e seguia para a residência de Hariri. Às 12h55min, o detonador foi ativado, um segundo após a passagem do terceiro veículo, um Mercedes S600 dirigido pelo próprio premiê.
Muitas pessoas pensaram que era um terremoto. Beirute inteira ouviu ou sentiu a explosão, que deixou uma cratera de 10 metros de diâmetro e 2 metros de profundidade. As notícias não demoraram a chegar. Hariri, que se juntou à oposição em 2004, estava entre os 22 mortos. Os guarda-costas também morreram. O estrago foi de tal magnitude que levou 17 dias para que o corpo de uma das vítimas fosse encontrado.