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Internacional

- Publicada em 17 de Junho de 2020 às 20:34

Ferramenta irá decifrar 3 milhões de arquivos da ditadura uruguaia

Trabalho colocará luz no período da ditadura militar no país vizinho (1973-1985)

Trabalho colocará luz no período da ditadura militar no país vizinho (1973-1985)


AURELIO GONZALES/DIVULGAÇÃO/JC
Rec. 550. Plata. SeCrEtO. A sequência, aparentemente sem sentido, lembra um "captcha" - teste rápido com preenchimento de letras para comprovar que o acesso a um site está sendo feito por uma pessoa, não por um robô. Trata-se, porém, de partes de arquivos da ditadura militar do Uruguai (1973-1985) que, agora, são "decifrados" com ajuda de voluntários que fazem a leitura dos trechos para transcrevê-los.
Rec. 550. Plata. SeCrEtO. A sequência, aparentemente sem sentido, lembra um "captcha" - teste rápido com preenchimento de letras para comprovar que o acesso a um site está sendo feito por uma pessoa, não por um robô. Trata-se, porém, de partes de arquivos da ditadura militar do Uruguai (1973-1985) que, agora, são "decifrados" com ajuda de voluntários que fazem a leitura dos trechos para transcrevê-los.
A transcrição é necessária porque os cerca de 3 milhões de arquivos estão digitalizados em forma de imagens, como fotografias digitais, impedindo a pesquisa por palavra-chave, por exemplo. Malconservados, alguns escritos à mão, outros datilografados com muita ou pouca tinta, não podem ser escaneados por leitores ópticos que identificam os caracteres automaticamente.
Humanos ainda são indispensáveis para essa tarefa. O esforço conjunto foi batizado de Luísa (Leyendo Unidos para Interpretar los Archivos). O nome é uma homenagem à Luisa Cuesta (1920-2018), militante uruguaia que se dedicou à busca do filho preso e desaparecido na mão dos militares.
"Para garantir que a transcrição seja exata, para que não tenha erros, propositais ou não, cada bloco de palavras só é considerado pronto quando cinco pessoas fizeram a leitura. Por isso, precisamos de centenas de milhares de voluntários", explica o engenheiro Gregory Randall, professor da Universidad de La República (Udelar), em Montevidéu.
Os documentos já transcritos ainda não são públicos. "Precisamos de uma base mínima para disponibilizar para pesquisa externa", explica Samuel Blixen, professor da Faculdade de Informação e Comunicação da Udelar.
"Luísa" foi lançado em 2019, em parceria com a organização "Mães e Familiares de Presos e Desaparecidos" e com o grupo de trabalho "Verdade e Justiça", ligado à presidência durante a gestão do ex-presidente Tabaré Vázquez, da coalizão de esquerda Frente Ampla.
A equipe da Udelar, ao analisar os primeiros resultados, forneceu os documentos para auxiliar vítimas que processam seus torturadores. "Um oficial do Exército negava que havia torturado presos. Apesar dos testemunhos, ele dizia que estava em outros lugares nas ocasiões de torturas e que não pertencia a um setor que fazia repressão. Entretanto, encontramos documentos onde ele aparece diretamente envolvido na unidade onde ocorriam as torturas e que estava, sim, no organismo repressivo", explica Blixen.
Isso permite que as vítimas apresentem as provas - documentos do próprio Exército - no processo, diz o professor. Sobre quais fatos os documentos podem jogar luz? "Estamos falando de torturas, de assassinatos, de desaparecimentos, de roubo de crianças, violações de mulheres, de tudo que identificamos como terrorismo de Estado", diz Blixen.
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